Coluna do Roberto Ribas

O que o helicóptero de da Vinci tem a ver com o timing da inovação?

17 maio 2023, 17:00 - atualizado em 17 maio 2023, 12:23
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Inovação e criatividade são fundamentais, mas o timing pode ser um fator determinante para o sucesso daquela ideia (Imagem: Pixabay/ Arek Socha)

Leonardo da Vinci foi uma das mentes mais brilhantes da história. O criador da Mona Lisa era polímata. Ou seja, dedicou-se ao estudo de diversas áreas do conhecimento. Desde a anatomia até a engenharia.

Foi marcante, por exemplo, seu protótipo de um helicóptero, em idos de 1.480. Seria uma inovação extraordinária e muito, muito à frente do seu tempo.

No entanto, não havia recursos tecnológicos para construir algo do tipo. Nem o clima cultural ou as exigências daquela geração eram por máquinas de tal complexidade — os impérios desbravavam os mares em busca de territórios ou rotas comerciais.

Inovação não é só criatividade

O helicóptero de da Vinci é um bom exemplo para pensar as provocações trazidas pelo designer Alain Sylvain, um dos palestrantes do Web Summit Rio. Na ocasião, ele questionou o que seria mais importante: a criatividade ou o timing?

Além de da Vinci, outro exemplo são os Beatles. Sylvain afirmou que os garotos de Liverpool só se tornaram o que são porque havia uma conjuntura específica. Aliás, hoje, essa mesma conjuntura não os levaria para o panteão da música.

Ele apresenta o conceito de “innovation peak“, dando conta de que só quando a criatividade está em um contexto de pico de inovação e em um timing conjuntural é que pode, realmente, gerar algo realmente inovador. Esse pico parte de três premissas: o clima cultural, o apetite individual e a infraestrutura tecnológica.

Inovação é timing

Voltemos, então. ao helicóptero. Embora pensado por da Vinci, só se tornou viável entre as décadas de 1930 e 1940.

Naquele momento, havia infraestrutura tecnológica disponível. Além disso, também havia um apetite individual — o avião já era realidade e o homem buscava, cada vez mais, explorar o ar. Ainda, existia um clima cultural, alimentado pela Segunda Guerra Mundial, que impulsionou o desenvolvimento dessa e de outras inovações.

Ou seja, assim foi com os Beatles, com iPhone, os PCs e outras tantas grandes inovações de nossa história. Elas se tornaram possíveis porque existia uma convergência para tais fenômenos culturais e tecnológicos.

O que aprender com isso?

Tratam-se de lições valiosas para o dia a dia dos negócios. Afinal, mesmo que não criemos uma ideia que mudará o mundo, ela deve fazer sentido para a realidade na qual está inserida.

Em um cenário tão competitivo como o atual, muito se fala em inovação e criatividade. Porém, como pondera Sylvain, existe um “teatro da inovação”, a qual é muito mais encenada do que concretizada. Assim, mais do que estar em ambientes inovadores, é preciso levar em conta os fatores que levarão aquela ideia a prosperar.

Lembre-se de três premissas: existe tecnologia para tornar real a ideia proposta? O contexto é cultural propício para seu êxito? E essa inovação atende às necessidades de um grupo ou mesmo de uma geração?

Tudo isso, somado à análise de dados, de comportamento do público e diversas outras variáveis, levará à definição do timing adequado para colocar ou não em prática o que for projetado.

No caso específico da comunicação, do marketing e da propaganda, a criatividade e o timing são indissociáveis. Um faz parte do outro: estão interligados e podem se complementar. Por exemplo, uma ideia criativa precisa ser implementada no momento certo para ter um impacto significativo. E o timing adequado pode potencializar a eficácia da criatividade.

Ou seja, inovação e criatividade são fundamentais. Porém, o timing pode ser um fator determinante para o sucesso daquela ideia. Em alguns casos, será essencial; em outros, a criatividade prevalecerá.

Assim, buscar esse equilíbrio é chave. Seja para o helicóptero de da Vinci, para um novo avanço tecnológico ou mesmo para uma campanha da marca.

Chief Strategy Officer e membro do conselho da Brivia
Roberto Ribas é Chief Strategy Officer e membro do conselho da Brivia. Com 22 anos de experiência, ao longo da trajetória, concebeu a metodologia BXM (Brand Experience Management) e sempre esteve na liderança de times multidisciplinares, na concepção e desenvolvimento de projetos de estratégias de marca e transformação digital para grandes marcas. Atuou no fortalecimento do setor, sendo co-fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Agências Digitais (ABRADi/RS). É formado pela UFRGS e tem especialização em Marketing pela ESPM.
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Roberto Ribas é Chief Strategy Officer e membro do conselho da Brivia. Com 22 anos de experiência, ao longo da trajetória, concebeu a metodologia BXM (Brand Experience Management) e sempre esteve na liderança de times multidisciplinares, na concepção e desenvolvimento de projetos de estratégias de marca e transformação digital para grandes marcas. Atuou no fortalecimento do setor, sendo co-fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Agências Digitais (ABRADi/RS). É formado pela UFRGS e tem especialização em Marketing pela ESPM.
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