Apple

O que o mercado financeiro pode aprender com o novo iPhone

12 set 2017, 20:30 - atualizado em 05 nov 2017, 13:55

João Gabriel Chebante é CEO e fundador da Chebante Brand Strategy e presta consultoria para diferentes segmentos do mercado financeiro

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Estou escrevendo este texto horas antes de um dos eventos mais esperados de 2017 para quem é geek ou somente usuário de smartphones – basicamente metade do mundo: o lançamento das novas famílias de iPhones, capitaneada pela nova edição “X” que promete ser uma nova página na configuração e interação do aparelho com os seus usuários.

            Provavelmente antes ou depois de você ler este texto você lerá uma série de resenhas sobre o gadget, ou como a Apple é uma empresa incrível. Ou se o lançamento for aquém do esperado, como a empresa se perdeu depois da perda de Jobs, que é mais a mesma, que a queda será uma questão de tempo e inovação, etc. Este texto, no entanto, quer levar o fato “lançamento do novo iPhone” para um outro espectro e mais próximo do público deste portal.

            A soma de quase 13 anos de experiência em marketing, aonde mais de 2 foram como estagiário,  consultor e empreendedor no mercado financeiro me levam a algumas reflexões sobre quais são (ou deveriam ser) as melhores práticas de gestão, marketing, comunicação e relacionamento para que um stakeholder neste mercado – que agora entra em franca ascensão com a retomada da economia e volta dos investimentos – deveria se apegar para construir uma grande história. Nada como aprender uma das empresas melhor sucedidas da história para aplicar alguns pontos na sua trajetória.

            Vamos lá?

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É tudo sobre história: Para ser simples e sincero, vejo uma completa carência por parte de qualquer empresa no mercado financeiro de construir uma história. Tudo muito prático: temos uma solução e vamos fazer ou ter mais dinheiro, ou economizar dinheiro. Pessoas não compram produtos e serviços, elas adquirem histórias no final do dia. A trajetória de “underdog” da Apple e de Jobs, indo contra o sistema vigente (vide o famoso comercial de “1984”, lançando o primeiro Macintosh) é em boa parte responsável pelo enorme sucesso de seus produtos.  No pregão, por mais que existam análises gráficas e fundamentalistas, o investidor de longo prazo e maior retorno consolida sua estratégia em cima da trajetória da empresa que dedica seus recursos. É parte importante dos fundamentos de Warren Buffet, por exemplo. O quanto você conhece a história das empresas que investe ou, se você é empreendedor, o quanto seu cliente conhece a sua trajetória e de seus sócios, bem como da empresa?

É tudo sobre branding:  Sabe por que ao lado de consultor para empresas do segmento financeiro resolvi montar meus próprios negócios no segmento? Um dos motivos é porque a grande maioria das empresas e seus líderes acham o papo sobre branding, construção de marcas desnecessário – para não chamar de bullshit. Isso quando não confundem marketing (estratégia) com publicidade (parte da temática). E é exatamente aqui aonde o bom trabalho corporativo começa, na construção de uma cultura única em todos os pontos de contato com o mercado. A Apple faz isso através do design: desde a construção dos gadgets aos aplicativos, o seu pós-venda e o layout das suas lojas. Ela é a empresa que “pensa diferente” frente aos seus concorrentes. Aonde que sua estratégia é única e diferente das demais?

Criação de comunidade x expectativa: Como conseqüência dos itens acima,  há um verdadeiro exército de fãs da Apple, que defendem a marca e suas receitas – não a toa sempre que há um lançamento de iPhone ele se torna “o principal lançamento da Apple em todos os tempos”, segundo o CEO  Tim Cook. Soma-se a isso os segredos mal-escondidos dos principais aspectos de cada novo gadget, que no final funciona como um grande termômetro (e por mais que a empresa negue, uma valiosa ferramenta de pesquisa de mercado) para saber a direção no desenvolvimento de seus produtos e serviços. Aqui novamente os aprendizados para quem lida diariamente com o mercado financeiro são claros: aonde que você está realmente se dedicando a criar ações que tragam benefício e uma “aura” sobre a sua marca? Qual é a estratégia por trás do seu negócio para pensar na sua sustentação a longo prazo – além de aumentar o patrimônio dos clientes?

            Espero que, ao ler este artigo, você que trabalha na Faria Lima, Leblon e afins consiga imaginar a marca da maçã além do seu incrível desempenho financeiro (cerca de 90% do lucro de todo mercado global de smartphones está pautado no iPhone), que a torna capaz de ser a primeira corporação trilionária da história, e da preocupação sobre a compara do seu novo celular ao final do ano para impressionar os pares no almoço ou happy-hour.  Se uma das coisas mais interessantes que percebi ao lidar com financistas é sua capacidade de copiar e evoluir modelos econômicos e de gestão, nada mais adequado que construir marcas e modelos de negócios com o maior equity do mundo. Não faz todo sentido?  

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joao.chebante@moneytimes.com.br
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