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O que os números do Minha Casa Minha Vida revelam sobre o futuro da habitação

29 out 2025, 16:00 - atualizado em 28 out 2025, 14:34
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Construção civil em transformação: MCMV acelera, Poupança+ muda o jogo e construtoras correm para se manter competitivas nos dois públicos. (Imagem: Bigc Studio/Canva Pro)

Agosto marcou um ponto de virada para o setor da construção civil. O programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), financiado com recursos do FGTS, atingiu o maior volume de contratações da história. Esse dado revela uma transformação estrutural no mercado imobiliário, especialmente no segmento de habitação popular.

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O avanço é resultado de uma combinação de fatores que criaram um ambiente favorável ao crescimento. As políticas públicas foram aprimoradas, com aumento nos limites de renda, redução nas taxas de juros e ajustes importantes nas faixas de atendimento. Ao mesmo tempo, a confiança do consumidor cresceu e devolveu fôlego ao planejamento financeiro das famílias. A demanda reprimida, que durante anos esbarrou em barreiras de acesso, finalmente encontrou espaço para se manifestar. E o mercado reagiu.

Quem não lê o mercado, perde o timing

Do ponto de vista empreendedora, esse novo momento exigiu um redesenho do nosso portfólio. Deixamos de olhar para trás e passamos a projetar os empreendimentos com base no que o novo cenário permite. Isso significou repensar localização, padrão construtivo, faixa de preço e velocidade de execução.

O objetivo foi claro: entregar um produto que dialoga com o momento do país, sem comprometer nossa sustentabilidade financeira e nossa reputação.

Hoje, o foco das construtoras está em empreendimentos que combinam valor acessível, velocidade de venda e manutenção da margem. Essa equação, que parece simples, é um dos maiores desafios da construção civil em ciclos de expansão. E só é possível quando a operação está organizada, os dados são bem interpretados e as decisões são tomadas com agilidade.

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MAP saiu de cena. E agora?

Enquanto o MCMV vive seu melhor momento, o financiamento habitacional voltado à classe média passa por uma transição significativa. O antigo modelo de financiamento MAP (Modelo de Aquisição Programada) deu lugar ao Poupança+, que chega com novas regras, novas possibilidades e um impacto direto sobre o comportamento do consumidor. A proposta traz maior flexibilidade, taxas potencialmente mais competitivas e abre espaço para novos perfis de compradores.

Mas toda mudança no crédito exige preparo. Para as construtoras que atuam nesse segmento, isso representa revisar produtos, ajustar processos internos, reavaliar a jornada de compra e adaptar as estratégias comerciais. A resposta precisa ser rápida, sem perder consistência. Quem conseguir assimilar o novo modelo com agilidade vai ganhar espaço e quem esperar demais pode perder relevância.

Do popular à classe média: como manter o pé firme nos dois terrenos

Atuar com força tanto no segmento popular quanto no de classe média exige equilíbrio. Afinal, as dinâmicas, o público, os prazos e os desafios são diferentes. Por isso, sempre enxerguei essa atuação dupla como um jogo com dois regulamentos. Você precisa saber onde pisa, entender as expectativas de cada tipo de comprador e estruturar a empresa para lidar com as frentes de forma simultânea.

Hoje meu time tem operado com dois grandes pilares para manter a competitividade em ambos os terrenos. O primeiro é a flexibilidade operacional, que inclui custos controlados, prazos bem definidos, estrutura e foco em produtividade. O segundo é o relacionamento com o cliente, em entender o comportamento de compra, oferecer um atendimento personalizado e se adaptar às necessidades de cada perfil.

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A experiência de compra começa no primeiro contato, não na assinatura do contrato. E isso vale para todos os públicos.

2026 não é o futuro. Já começou.

As projeções para 2026 são otimistas, mas o trabalho para chegar até lá precisa começar agora. A continuidade da política habitacional, a manutenção do crédito subsidiado e a expansão das novas faixas do MCMV devem sustentar o ritmo de lançamentos no segmento popular. A demanda segue reprimida e a necessidade por moradia segue latente, se tornando um campo fértil para empresas comprometidas com entrega e agilidade.

Junto disso, o segmento de classe média deve voltar a crescer à medida que o Poupança+ se consolida. Se os bancos mantiverem o apetite por crédito imobiliário e o cenário macroeconômico colaborar, teremos um mercado ativo em duas pontas. Isso exige das construtoras visão de longo prazo e decisões baseadas em dados, não em intuição.

Olhando para esse panorama, reforço a ideia de que construir moradias vai além de erguer prédios. Envolve acesso, pertencimento e impacto social. O que está em jogo não é só o número de unidades lançadas, mas a transformação que essas unidades proporcionam.

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Ou seja: cada projeto é um passo concreto na direção de um país mais justo, mais habitável e mais humano.

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Eduarda Tolentino é sócia e presidente da BRZ Empreendimentos. Ela é especialista em assuntos ligados a empreendedorismo feminino, liderança feminina no setor de construção civil, empreendimentos, construções, moradia, moradia popular, entre outros. Formada em Direito e pós-graduada em Direito Empresarial, Eduarda iniciou sua atuação na BRZ Empreendimentos como coordenadora do departamento jurídico e em 2015 tornou-se sócia e diretora comercial. Desde 2020, é sócia e CEO e em outubro de 2022 tornou-se também presidente do Conselho de Administração da companhia. Mãe de três filhos, atua pela equidade de gênero no mercado da construção civil, mais mulheres em cargos de liderança e, à frente da BRZ, para que mais famílias tenham acesso à moradia.
eduarda.tolentino@moneytimes.com.br
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Eduarda Tolentino é sócia e presidente da BRZ Empreendimentos. Ela é especialista em assuntos ligados a empreendedorismo feminino, liderança feminina no setor de construção civil, empreendimentos, construções, moradia, moradia popular, entre outros. Formada em Direito e pós-graduada em Direito Empresarial, Eduarda iniciou sua atuação na BRZ Empreendimentos como coordenadora do departamento jurídico e em 2015 tornou-se sócia e diretora comercial. Desde 2020, é sócia e CEO e em outubro de 2022 tornou-se também presidente do Conselho de Administração da companhia. Mãe de três filhos, atua pela equidade de gênero no mercado da construção civil, mais mulheres em cargos de liderança e, à frente da BRZ, para que mais famílias tenham acesso à moradia.
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