O que sabemos até agora sobre a ‘gripe K’, que acaba de ‘desembarcar’ no Brasil
Uma nova variante do conhecido vírus da gripe H3N2, denominada subclado K, tornou-se uma das formas predominantes de gripe em alguns países, incluindo o Reino Unido, o Japão e outras partes da Europa.
Nos últimos dias, o vírus desembarcou no Brasil: o país tem 4 casos registrados até esta sexta-feira (19), e estão sob investigação. Um deles é de um paciente do estado do Pará que viajou ao exterior; os três demais foram detectados no Mato Grosso do Sul.
Cientistas e autoridades têm monitorado o vírus de perto por dois principais motivos: ter apresentado mutações em relação à cepa usada nas vacinas contra a gripe em alguns países neste ano, e por ter coincidido com uma “temporada de gripe” mais extensa que o normal no hemisfério norte.
A Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) emitiu um alerta epidemiológico, indicando aumento de casos e de internações ligados à nova variante no hemisfério norte.
Os termos “gripe K” e “supergripe” já começaram a ser utilizados em manchetes.
O que é a ‘gripe K’ e o que sabemos até agora?
Cientistas detectaram essa variante pela primeira vez em junho deste ano. Em seguida, notaram sua rápida disseminação durante a temporada de gripe em alguns países do hemisfério sul.
Na Europa, o primeiro país a confirmar um caso foi a Noruega, seguido do Reino Unido, onde a temporada de gripe começou de 4 a 5 semanas mais cedo do que o habitual.
Em pessoas infectadas, os sintomas do subclado K não aparentam diferenças em relação às demais gripes.
A variante se mostra distinta de outros tipos de H3N2 em sua composição genética, mas sem deixar de ser bastante semelhante às demais gripes sazonais já conhecidas.
Neste caso, o grande ponto de preocupação dos cientistas está na possibilidade de que o novo vírus resista à imunidade já existente em humanos, adquirida por meio de infecções anteriores ou por meio das vacinas.
A ‘gripe K’ pode resistir às vacinas que conhecemos, então?
Até agora, estudos laboratoriais e populacionais sugerem que isso ainda não aconteceu.
“Quando observamos um novo grupo genético de vírus emergente, damos atenção a esses sinais”, disse a professora Nicola Lewis, Diretora do Centro Mundial de Influenza do Instituto Francis Crick em Londres, Reino Unido.
Em um estudo ainda não publicado, Lewis e seus colegas analisaram a resposta do organismo de pessoas ao subclado K em comparação com outros vírus da gripe aos quais tenham sido expostas.
Com base no estudo, Lewis afirma que não parece haver um “sinal claro” de brechas imunológicas que a “gripe K” possa explorar.
Isso significa que as defesas existentes das pessoas ainda parecem oferecer proteção significativa, e pessoas vacinadas parecem gerar boas respostas imunológicas.
Esta não é uma ‘supergripe’, como já foi chamada?
O termo “supergripe” não teve origem em estudos científicos. Segundo Lewis, por enquanto, não há evidências científicas que indiquem que o subclado K seja mais perigoso que os demais vírus da gripe H3N2.
No momento, o risco à população parece moderado. Mas vale ressaltar que qualquer gripe pode ser perigosa para grupos de risco, como idosos, mulheres grávidas e pessoas imunocomprometidas.
Estima-se que, globalmente, a gripe sazonal em geral registra de 3 a 5 milhões de casos de casos graves, e até 650 mil mortes por causas respiratórias anualmente.
Como se prevenir contra a gripe K?
A observação das próximas semanas e meses será crucial para que os cientistas entendam melhor o comportamento da nova variante.
Mas no momento, a prevenção permanece no mesmo padrão para os demais vírus de gripe circulantes: vacinação em dia, higienização das mãos, e evitar contato próximo com pessoas que apresentem sintomas.
*Com informações dos portais G1, Gavi.org e The Independent.