O risco que não pode ser descartado, segundo CEO do Itaú (ITUB4)

O Itaú (ITUB4), a exemplo do Bradesco (BBDC4), entregou resultados fortes e acima das próprias projeções. O lucro de R$ 11 bilhões até veio dentro da expectativa, mas o crescimento da carteira bateu em 13%, quando o esperado para 2025 é de 4,5% a 8,5%.
Já a margem financeira também ficou acima do previsto, a 14%, contra expectativa de 7,5% a 11,5%. Porém, como o seu rival, o Itaú também está confortável com as suas projeções.
Em teleconferência com jornalistas, o CEO, Milton Maluhy, lembrou que a Selic, a taxa básica de juros, está em 14,75%, o maior patamar em duas décadas, o que, naturalmente, pesará para uma expansão acelerada da carteira.
“Isso naturalmente desaquece a economia — esse é, inclusive, o objetivo da política monetária. Isso reduz, mas tudo já está considerado no nosso guidance, pois, ao fazermos o orçamento, já tínhamos a expectativa de que os juros teriam esse comportamento”.
Não custa lembrar que as projeções foram feitas no final de 2024, quando o mercado vivia período de stress provocado pelo fiscal. O dólar chegou a R$ 6,3, enquanto as projeções da Selic bateram em 17%.
“Estimamos uma certa desaceleração do PIB em função da restrição monetária, embora ainda com crescimento sólido. Nossa melhor projeção atual é de crescimento acima de 2%, mais precisamente 2,2%”, destaca.
No final, Maluhy repetiu o mesmo discurso de Marcelo Noronha, CEO do Bradesco: otimista, mas com uma boa dose de cautela.
“Acreditamos que nunca estivemos tão bem preparados para enfrentar qualquer desafio”.
E, aparentemente, o mercado comprou a ideia (e a ação). O papel subia forte por volta das 11h, a 4%.
Números do Itaú
De acordo com o banco, a alta foi motivada pela combinação de um mix saudável da carteira de crédito e de uma inadimplência controlada.
Conhecido por ser um relógio suíço, devido à sua entrega de resultados recorrentes, o Itaú confirma, assim, o bom momento operacional que vive nos últimos anos.
O banco é apontado por analistas como o mais seguro da bolsa e, diferente de seus concorrentes, como Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11), não passou por uma grande deterioração das principais linhas, como inadimplência e ROE (retorno sobre o patrimônio líquido).
E por falar em ROE, o banco conseguiu, mais uma vez, superar a rentabilidade dos seus rivais, com um retorno de 22,5%, alta de 0,6 ponto percentual no ano, enquanto o SANB encerrou o período com ROE de 17%.
A margem financeira com clientes melhorou 14% ante o ano passado, para R$ 29,4 bilhões. Já a margem financeira gerencial ficou em R$ 30,3 bilhões, elevação de 12,8%.