Oncoclínicas (ONCO3), 1,6 milhão de pessoas, fundos de pensão: Veja quem foi afetado pela liquidação do Banco Master (até agora)
A rentabilidade oferecida pelo Banco Master parecia boa demais para ser ignorada. Com CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) rendendo até 140% do CDI, o benchmark do mercado, diversas pessoas e empresas investiram nos papéis.
Agora, precisarão pagar um preço caro pelas aplicações com a liquidação extrajudicial do banco.
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) cobre aplicações em CDB de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. Mas, para quem aplicou em letras financeiras (LFs), por exemplo, não há nenhuma garantia de restituição: o pagamento entra na fila dos credores da liquidação extrajudicial. Esse é o caso de 18 fundos de pensão de servidores públicos.
A lista de afetados pode ser bem maior. O valor certo só deve ser esclarecido depois que o FGC receber a lista completa de investidores que devem ser ressarcidos, por meio do liquidante nomeado pelo BC.
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Investidores pessoas físicas
Cerca de 1,6 milhão de investidores compraram CDBs do Banco Master, que prometiam rentabilidades muito acima da média do mercado. Segundo o sistema IFData, do Banco Central, o Master tinha R$ 41 bilhões bilhões em depósitos elegíveis à cobertura do FGC até março deste ano.
O valor certo só deve ser esclarecido depois que o FGC receber a lista completa de investidores que devem ser ressarcidos por meio do liquidante, nomeado pelo BC.
Esses títulos serão honrados pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) num limite de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. Veja aqui o passo a passo para ser ressarcido.
Oncoclínicas
A Oncoclínicas (ONCO3) já vinha tendo problemas com seu alto endividamento. Agora, ela desabou mais de 24% na bolsa por ter parte importante do seu caixa em CDBs do banco liquidado.
No final de outubro, a rede de clínicas oncológicas afirmou que detém R$ 478 milhões em papéis da instituição.
A companhia tinha firmado um acordo para resgatar esses valores, o que estava previsto ocorrer em 20 parcelas entre outubro deste ano e maio de 2027. Mas o saldo aplicado venceu antecipadamente na terça-feira (18).
Além da empresa, seus acionistas também foram prejudicados com a queda de valor de mercado.
Emae (EMAE4)
A Empresa Metropolitana de Água e Energia S.A (Emae) afirmou ter em caixa CDBs emitidos pelo Letsbank, do Banco Master e que também teve liquidação extrajudicial decretada.
A empresa é responsável pela geração de energia elétrica e pelo controle de cheias em São Paulo e foi comprada pela Sabesp.
Esses certificados são equivalentes a 5,88% do ativo total consolidado até o final de setembro. Além do FGC, que pagará apenas R$ 250 mil, esses CDBs não possuem garantia específica e seguem o regime ordinário aplicável à liquidação extrajudicial, afirmou a empresa em fato relevante.
Ela informa que “sua capacidade operacional não foi impactada e que mantém posição de caixa suficiente para fazer frente às suas obrigações e ao curso normal de seus negócios”.
Cedae
A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), concessionária de saneamento do Rio de Janeiro, também afirmou ter aplicações em CDBs do Master, que ficaram inadimplentes.
Em fato relevante, a empresa disse que solicitou resgate parcial da aplicação, o qual não foi processado, em razão da liquidação extrajudicial do Master, decretada pelo Banco Central hoje.
A Cedae informou ainda que “o pagamento do resgate encontra-se suspenso, devendo a companhia proceder à habilitação de crédito junto ao liquidante designado pelo Banco Central do Brasil.”
Fundo imobiliário BGR B32 (BGRB11)
O fundo imobiliário BGR B32 tem apenas um imóvel em seu portfólio: o Birmann 32, mais conhecido como o “prédio da baleia”, na Av. Faria Lima, em São Paulo.
O problema é que a instituição bancária ocupa uma boa parte do prédio: os pavimentos 12º, 14º, 15º, 29º e parte do 30º estavam locados ao banco.
Diante da liquidação do Banco Master, a gestora afirmou que está analisando o fato e que adotará “as medidas legais e contratuais pertinentes” para resguardar os interesses do FII e dos cotistas.
Fundos de pensão
Dados obtidos pelo G1, fornecidos pelo Ministério da Previdência Social, indicam 18 fundos de pensão de servidores públicos que investiram em letras financeiras do Master: um total de R$ 1,86 bilhão aplicados.
Ao contrário dos CDBs, que têm garantia do FGC, as letras financeiras não possuem qualquer garantia, e o pagamento depende da liquidação do banco.
A recuperação desse dinheiro só ocorre se houver recursos o suficiente para esses credores, depois do pagamento das prioridades da liquidação extrajudicial. Na prática, o pagamento é incerto: pode ser integral, parcial ou zero.
Segundo informações do G1, esses fundos fizeram as aplicações entre outubro de 2023 e dezembro de 2024. O fundo do estado do Rio de Janeiro é o com o maior valor aplicado: R$ 970 milhões. Veja a lista completa aqui.