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Onde investir em meio à guerra comercial e ao ‘vai-e-vem’ de Trump? Veja recomendações de gestor da Kinea

28 abr 2025, 7:30 - atualizado em 25 abr 2025, 16:42
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Veja as ações para se proteger da guerra comercial protagonizada por Estados Unidos e China (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A guerra comercial entre Estados Unidos e China tem provocado oscilações nas commodities, no câmbio e elevado a incerteza nos mercados. O Brasil, embora pouco afetado pelo “tarifaço”, segue atento aos desdobramentos e possíveis impactos.

Diante da menor disposição ao risco e da imprevisibilidade dos impactos, o investidor brasileiro deve avaliar quais setores são mais vulneráveis ao conflito e quais oferecem maior proteção neste momento.

O gestor de ações da Kinea Investimentos, Rafael Oliveira, destaca que a volatilidade, em meio ao “vai-e-vem” das decisões do governo Trump e da China, pode levar à queda nos preços de commodities, especialmente metálicas e energéticas, muito relacionadas a atividade global, impactando negativamente empresas exportadoras brasileiras, por exemplo.

Tipicamente tidos como defensivos, os setores de energia elétrica e saneamento enfrentam pressões adicionais devido ao cenário fiscal interno e à queda nos preços das commodities.

“No entanto, ainda são vistos como opções relativamente estáveis para investidores buscando menor exposição ao risco internacional”, diz Oliveira.

Até o momento, o Brasil enfrenta uma tarifa de 10% e, desde março, uma tarifa adicional de 25% sobre o aço.

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Os setores para evitar

Os setores expostos a exportações e commodites são os mais afetados, devido à volatilidade nos preços internacionais, destaca o gestor da Kinea. Em linhas gerais, empresas com grande parte da receita proveniente de mercados afetados pelas tarifas podem ver sua lucratividade comprometida.

“Empresas como Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) enfrentam tarifas adicionais de 25% sobre aço e alumínio, reduzindo sua competitividade nos EUA. Além disso, podem sofrer com maior importação do aço chinês pelos importadores brasileiros”, avalia o gestor.

As fabricantes com exportações significativas para os Estados Unidos, como Embraer (EMBR3) e Tupy (TUPY3) também sofrem com as novas imposições. Rafael Oliveira pontua, no entanto, que os nomes do setor devem buscar alternativas, como a Embraer, que conta com produção local nos EUA.  

Grandes empresas relacionadas ao petróleo inclusive já sentiram o impacto das perdas significativas de valor de mercado devido ao impacto nos preços da commodity, como observado em Petrobras (PETR4) e Prio (PRIO3). “E não parece que a coisa vá melhorar tão cedo”, avalia o gestor. 

“Isso posto, evitaríamos empresas de commodities e papéis como Marcopolo (POMO4), WEG (WEGE3), Embraer (EMBR3)”. 

As empresas que podem se beneficiar

O atual cenário macro no mundo mostra que, o que é ruim para um, pode ser bom para outro.

O gestor da Kinea comenta que o agronegócio é um potencial beneficiado do conflito das potências econômicas EUA e China, por um motivo muito simples: produtores de soja e milho, como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3), podem se beneficiar do aumento da demanda chinesa por produtos brasileiros.

Para quem busca ações em setores defensivos, energia e saneamento permanecem uma boa pedida

“Empresas focadas no mercado interno, como Equatorial (EQTL3), Copel (CPLE6) e Sabesp (SBSP3), não são menos expostas às flutuações do comércio internacional”, avalia Rafael Oliveira. 

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.