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Os vencedores da guerra comercial EUA e China: BTG aponta quais setores — e ações — estão mais bem posicionados na disputa

15 abr 2025, 17:22 - atualizado em 15 abr 2025, 17:22
guerra comercial ações
(iStock.com/sarymsakov)

O BTG Pactual vê o setor de grãos e de proteína animal como os claros vencedores da guerra comercial entre China e EUA que pode remodelar significativamente os fluxos de produtos agrícolas no mercado global.

Vale dizer que as tarifas elevadas já estão em vigor — sendo 145% sobre as importações dos EUA vindas da China e 84% sobre as compras chinesas de produtos americanos.

“Acreditamos que o comércio bilateral entre países, no que se refere a commodities agrícolas e proteína animal, caminhe para praticamente zero. Isso abre uma oportunidade para o Brasil”, veem Bruno Henriques, Luis Mollo e Marcel Zambello.

EUA e Brasil são os dois principais produtores e exportadores globais de grãos e proteínas. Com a China precisando garantir fornecedores alternativos, o Brasil desponta como o substituto mais natural e capacitado.

“Os EUA são grandes exportadores globais de carnes e grãos, enquanto a China figura entre os principais importadores. O impacto desse ‘embargo comercial’ varia para cada commodity. A soja é, possivelmente, a mais afetada, com o fluxo EUA-China, que representa 15% do comércio global. O comércio de milho entre os dois países já foi mais relevante, mas caiu consideravelmente nos últimos dois anos, representando agora apenas 1,8% do total global — ante uma média de 10% entre 2021 e 2022″.

No caso do algodão, a participação foi de 1,5% do total global nos últimos dois anos. Quanto às proteínas, o frango é o item com maior representatividade, com 2,2% do comércio global realizado entre os dois países, seguido por 1,5% para carne suína e 1,3% para carne bovina. Em relação ao maior o volume comercializado, maior o impacto nos preços para outros parceiros comerciais, como o Brasil.

Produtores dos EUA devem pagar o preço

Segundo os analistas, é possível aprender com o que já aconteceu e tentar ter uma noção melhor do que esperar.

Um bom paralelo é a última guerra comercial, em 2018, na qual os produtores americanos arcaram com a maioria do impacto. “Isso fica claro ao observarmos os preços da soja nos EUA e no Brasil naquele período”.

“A diferença de preço recebida pelos produtores dos dois países aumentou significativamente. No fim das contas, as tarifas foram majoritariamente absorvidas pelos produtores dos EUA, enquanto os brasileiros provavelmente receberam um pequeno prêmio. O fato do comércio entre EUA e China já vir desacelerando desde 2018, indica que o impacto atual será perceptível, mas está longe de representar uma panaceia para os produtores brasileiros de grãos e proteínas animais”, explicam os analistas.

No curto prazo, as empresas de proteína devem ser as principais vencedoras segundo o BTG, já que o redirecionamento de volumes para a China pode elevar os preços médios, especialmente considerando que o país costuma pagar um prêmio por cortes menos nobres, como pés e coxas de frango, dianteiro bovino, além de soja e milho.

“Nesse cenário, as margens dos produtores de grãos tenderiam a ter um leve benefício. Já as margens das proteínas também poderiam melhorar, embora isso deva ser ao menos parcialmente compensado pelo aumento no custo dos grãos. Como a soja é o mercado em que o comércio EUA-China representa maior parcela do fluxo global, o impacto positivo nos preços da soja brasileira no curto prazo pode ser mais relevante do que em outras commodities“.

As melhores ações posicionadas na guerra comercial

SLC Agricola (SLCE3), Minerva Foods (BEEF3) e JBS (JBSS3) estão entre os nomes mais bem posicionados para capturar esses aumentos de receita no curto prazo dentro da cobertura do banco. Ainda assim, eles destacam que o fluxo comercial de proteínas entre EUA e China representa uma fração pequena do mercado global, o que limita a expectativa de alta relevante nos preços médios.

“A JBS, por sua vez, apresenta um cenário mais complexo: suas exportações de frango dos EUA podem sofrer pressão sobre preços, mas isso pode ser compensado por custos menores de grãos. No Brasil, a Seara tende a se beneficiar de forma semelhante à BRF. Em suma, vemos o impacto de curto prazo sobre a JBS como neutro“.

No médio prazo, a dinâmica muda. A queda na rentabilidade dos produtores americanos e os incentivos ao plantio podem enfraquecer, levando à redução da oferta global e, eventualmente, a preços mais elevados.

“Isso seria positivo para produtores agrícolas brasileiros — como a SLC — enquanto os produtores de proteína poderiam começar a sentir mais pressão nas margens devido ao aumento dos custos dos insumos. No longo prazo, se o Brasil assumir o espaço deixado pelos EUA como fornecedor estrutural, os volumes domésticos devem crescer. Ainda que os preços se normalizem com o tempo, empresas como a SLC ainda se beneficiariam de maior escala e relevância global. Estruturalmente, a SLC é que mais se beneficia“, explicam.

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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