Os elementos que podem fazer com que a soja volte aos US$ 11 em Chicago

O mercado de soja volta suas atenções para o plantio da safra 2025/2026 da oleaginosa nos Estados Unidos.
Na segunda-feira (2), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que o plantio atingiu 84% da área, contra 86% do esperado pelo mercado.
Para o novo ciclo, o USDA está bastante otimista e espera um recorde para produção e produtividade, em 118,11 milhões de toneladas.
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“Os dados de lavoura realmente viram abaixo do esperado na comparação com o ano passado. 72% das lavouras estão em boas condições, contra 74% do ano passado. Não é uma condição ruim, mas a safra larga pior. Ainda assim, estamos muito no início do ciclo, mas isso mostra que o USDA está ‘esticando um pouco a corda’ no que se refere a produtividade. Já dá para especular uma redução de estimativas em julho ou julho”, explica Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado na Hedgepoint Global Markets.
Quanto ao milho, o plantio segue na mesma linha do ano passado, apesar do atraso em alguns estados como Ohio, Illinois e Indiana.
“O plantio na janela ideal tem uma ligação com o seguro agrícola. O que isso quer dizer? Como o plantio está atrasado em alguns estados, é possível que os produtores mudem essas áreas de milho para soja, mas não é uma área muito expressiva. Uma área maior de soja faria o USDA ajustar suas projeções em 30 de junho. Se por um lado temos uma condição de safra inicial pior que o esperado, a gente pode ter uma área maior com soja compensando isso“.
Dessa maneira, o clima e as condições das lavouras devem ditar o ritmo do mercado nas próximas semanas, o que pode fazer com que os preços da soja em Chicago rompam o patamar de US$ 11. Atualmente, o contrato futuro com entrega para novembro está em US$ 10,25 por bushel.
A soja e o prêmio no Brasil
O coordenador de Inteligência de Mercado na Hedgepoint Global Markets volta a lembrar a expectativa é de um volume maior de importação da soja brasileira pela China em 2025 e 2026, devido a guerra comercial.
“Esse é o ponto positivo da demanda, mas isso não deve exatamente significar um aumento geral da demanda chinesa no ano, e sim da demanda pela soja do Brasil. Não há um grande vetor de crescimento”.
Quanto ao prêmio (basis) da soja no Brasil, que é a diferença entre o preço da soja no mercado físico e o preço da soja no mercado futuro, os valores seguem sustentados, apesar de ter perdido força nas últimas semanas.
“Entendo que o prêmio pode ceder um pouco porque a safra brasileira é muito grande e ela está toda disponível agora. Por mais que a gente tenha o aumento de demanda da China mais no segundo semestre, não acho que existe espaço para cair muito mais o prêmio. Para o segundo semestre, a tendência é que a competição entre exportação e mercado interno se acirre, o que deve trazer o prêmio para cima, uma tendência positiva. Olhando apenas para prêmio, talvez a gente esteja chegando no pior momento do ano”.