Giro do Mercado

“Os investidores ainda veem como blefe”, diz analista sobre nova ofensiva tarifária de Trump

14 jul 2025, 18:00 - atualizado em 14 jul 2025, 14:51
Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research
(Imagem: Reprodução Youtube Money Times)

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Mesmo com o anúncio de tarifas de 30% sobre produtos da União Europeia e do México a partir de 1º de agosto, o mercado ainda trata a medida como uma tática política de Donald Trump. Para o analista da Empiricus Research, Enzo Pacheco, “os investidores ainda estão assumindo que isso é muito mais um blefe do que algo que vai ser implementado”.

A desconfiança se apoia no histórico do presidente norte-americano, conhecido por ameaçar e depois recuar. No entanto, os efeitos práticos da incerteza já começam a aparecer: empresários hesitam em tomar decisões, projeções de crescimento global foram revistas para baixo, e o risco inflacionário volta ao radar.

Para o México, o impacto pode ser ainda mais sensível. A economia do país é altamente dependente das exportações para os Estados Unidos, especialmente no setor automotivo.

“Boa parte das maiores empresas americanas, como GM e Ford, tem fábricas no México. Se a tarifa for de fato implementada, o carro chega mais caro nos Estados Unidos, porque parte da produção é feita lá”, explica Pacheco.

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A incerteza tarifária já afeta a dinâmica das empresas americanas, que se veem obrigadas a antecipar estoques ou rever cadeias produtivas. Esse comportamento pode pressionar os dados de inflação nos próximos meses.

“As empresas compraram insumos antecipadamente para fugir da tarifa. Agora, quando forem recompor os estoques, os preços já estarão mais altos — e isso vai bater no índice”, diz o analista.

Além disso, o petróleo também chegou a subir nas primeiras horas do dia com rumores de novas tarifas sobre a Rússia, mas logo perdeu força. O mercado entende que a commodity está presa em um intervalo técnico, entre US$ 70 e US$ 80 o barril, diante do equilíbrio entre a produção americana, restrições geopolíticas e a demanda chinesa.

A China, aliás, foi destaque nos dados desta segunda-feira (14), com exportações crescendo 5,8% em junho. O número veio acima do esperado, mas analistas enxergam o movimento como pontual. “Muita gente antecipou compras para evitar tarifas mais pesadas no futuro”, afirma Pacheco.

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Com esse pano de fundo, a temporada de resultados ganha ainda mais importância. A expectativa é de crescimento de lucros em torno de 5%, abaixo dos 9% a 10% projetados no início do ano. Mais do que os números, investidores estarão atentos ao discurso das empresas sobre repasse de custos, pressão sobre margens e impacto das tarifas. O grande teste virá dos bancos médios — mais expostos à realidade de pequenas empresas e consumidores — que podem oferecer um retrato mais claro dos efeitos da política comercial no dia a dia da economia americana.

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No mercado há mais de 5 anos, o Money Times é referência em investimentos pessoais, educação financeira, gestão de carreiras e consumo no mercado brasileiro. No Money Times, investidores, analistas, gestores e entusiastas do ambiente econômico brasileiro usufruem de textos objetivos e de qualidade que vão ao centro da informação, análise e debate. Buscamos levantar e antecipar discussões importantes para o investidor e dar respostas às questões do momento. Isso faz toda a diferença.
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