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“Os nossos grandes concorrentes ainda são os bancões”, diz Eduardo Prado, sócio da RJ, maior escritório do Modal

12 jan 2022, 12:36 - atualizado em 12 jan 2022, 16:53

Na semana passada, os investidores foram pegos de surpresa ao acordar com notícia de que a XP havia comprado o Banco Modal (MODL11).

Os papéis das duas empresas dispararam após a aquisição e revelaram um movimento muito mais profundo no mercado financeiro

Para a RJ Investimentos, o maior escritório de agentes autônomos do Modal, com R$ 2,2 bilhões em patrimônio assessorado, mais do que um simples negócio, a transação significava retornar ao guarda-chuva da XP.

Por 13 anos, o escritório se manteve ligado à corretora até anunciar, em abril do ano passado, que estava trocando de parceira.

“Quando resolvemos trocar a XP pelo Modal, estávamos fazendo um movimento certo. O Modal é um banco com uma estrutura ótima, prestando um bom serviço para os nossos clientes e assessores e isso realmente estava chamando a atenção. Principalmente da XP”, diz Eduardo Prado, sócio fundador da RJ Investimentos em entrevista exclusiva ao Money Times.

Para Prado, essa compra fortalece a disputa com os “bancões”, que, segundo ele, “ainda são os grandes concorrentes a serem batidos”.

Além disso, o executivo falou sobre a nota da AIs Livres, associação que representa os agentes autônomos.

Segundo a entidade, a união de XP e Modal irá concentrar o mercado de agentes autônomos e prejudicará a classe e os clientes.

Com a fusão, a XP e o Modal passam a atender um total de 3,8 milhões de clientes ativos, enquanto os cinco maiores bancos brasileiros somam 457 milhões clientes totais com relações bancárias e 175 milhões de clientes com operações de crédito, sem excluir duplas contagens.

Veja os principais trechos da entrevista

MT: O que essa compra da XP significa para o mercado financeiro?

Eduardo Prado: Estamos animados e confiantes com o  movimento. Quando resolvemos trocar a XP pelo Modal, estávamos fazendo um movimento certo.

O Modal é um banco que está com uma estrutura muito boa, prestando um serviço bom para os nossos clientes e assessores e isso realmente estava chamando a atenção. Principalmente da XP. O interesse só mostra a força do Modal.

Para o mercado, isso mostra uma sinergia muito grande. Ele está muito aquecido.

Estamos vendo muitas fusões e aquisições. Nunca pensamos que o BTG (BPAC11) seria concorrente da XP, que o Modal era concorrente da XP. Estamos unindo forças porque os nossos concorrentes ainda são os grandes bancos.

Nosso mercado ainda é muito pequeno. A maioria dos investimentos ainda está com os bancões. 

MT: O bom filho à casa torna. Como é voltar para a XP?

Eduardo Prado: Depois de nove meses que fizemos a migração para o Modal, captamos 80% do que tínhamos, o que mostra a confiança dos nossos clientes e do próprio banco.

Tendo a XP como sócia, isso só vai acelerar o processo.

Somos o único escritório que saiu da XP pela porta da frente. Sempre tivemos um relacionamento ótimo com a XP, principalmente com o Guilherme Benchimol. Foram 15 anos juntos.

Estamos voltando para a casa muito mais forte, ajudando cada vez mais o brasileiro a investir. Penso que essa união de forças trará um enorme benefício para o investidor.

De um lado, teremos toda a infraestrutura que a XP tem, que está anos à frente. E do outro, é a expertise que o Modal tem na parte de banco de investimentos completo com mais de 25 anos de história.

Isso fortalecerá os lados para bater de frente com os bancos tradicionais, democratizando ainda mais produtos financeiros de qualidade e com baixo custo. 

MT: Segundo a AIs Livres, associação que representa os agentes autônomos, essa compra irá concentrar ainda mais o mercado e prejudicar a classe e os clientes. O que acha sobre essa declaração? Realmente existe esse risco de concentração?

Eduardo Prado: Não vejo isso de uma forma ruim. É um mercado ainda pequeno, que tem muito ainda para crescer. O fortalecimento dos bancos de investimento e das corretoras só tem a beneficiar [os investidores].

Cada vez mais os escritórios têm que estar fortalecidos. Precisamos ter boas casas, independentes. Os bancos de investimentos precisam estar próximos dos escritórios, ter uma parceria de longo prazo.

O escritório precisa estar com alguém que tenha a mesma visão de que o cliente sempre estará em primeiro lugar.

O que a classe realmente precisa é que possamos ter sócios-investidores. Isso é que vai fortalecer, e não se vai ter poucos bancos de investimentos.

MT: Alguns analistas classificaram essa compra como inevitável, porque deve ocorrer uma consolidação no mercado. Vocês também veem por esse lado?

Eduardo Prado: Eu acho que é um processo inevitável, sim, mas no caso da compra feita pela XP será uma sinergia.

A XP é muito forte na plataforma de investimentos e o Modal é muito forte na parte de banco de investimentos.

Fiquei surpreso quando entramos aqui. Mas, realmente, nessa parte de tecnologia e de plataforma, a XP está bem na frente. Corretoras que ficaram paradas no tempo, principalmente na parte de tecnologia, vão ser incorporadas. 

MT: Vocês vão continuar ofertando produtos do Credit Suisse?

Eduardo Prado: Continua sendo exclusivo para o Modal e não será aberto para os escritórios da XP.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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