Os paradoxos de Trump para o petróleo; ‘queda no preço abre espaço para cortes da Petrobras (PETR4)’

Apesar de incentivar e apoiar a indústria do petróleo durante toda sua campanha presencial, a volta de Donald Trump ao comando dos EUA reduziu os preços da commodity.
Desde sua posse em 20 de janeiro, os preços do barril brent, que é referência internacional, saíram de US$ 78,40 para US$ 60,05 — queda de 23,41%. Enquanto isso, o WTI, referência no mercado norte-americano, recuou 25,21%, de US$ 75,89 para US$ 56,76.
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De acordo com Pedro Rodrigues, sócio-diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), do ponto de vista das tarifas, não houve um impacto objetivo na indústria de petróleo.
“O que mexe com os preços é toda essa volatilidade e insegurança no mercado. Uma volatilidade que vem de uma incerteza de como essas tarifas serão impostas, e que também diminuiu a expectativa de crescimento das economias. Esse cenário causou a redução do preço do barril, porque havia essa expectativa de que tivesse uma queda da demanda. Fora isso, a OPEP anunciou aumentos da produção de forma perspicaz, o que fez os preços ficarem abaixo de US$ 60, abaixo do breakeven [ponto de equilíbrio] para uma série de bacias de shale [óleo de xisto] nos EUA”.
Outro fator de baixa para o petróleo nesta semana fica pela decisão da Opep+ de acelerar ainda mais os aumentos na produção e desfazer seus cortes voluntários de 2,2 milhões de barris por dia até o final de outubro, caso os membros não melhorem os cumprimentos de suas metas de produção.
Os paradoxos para o petróleo
Rodrigues explica que, no final das contas, Trump criou um paradoxo para indústria que ele quer incentivar. “Quando ele causa essa volatilidade no mercado, o preço cai tanto que ele inviabiliza a própria indústria de shale”, afirma.
Segundo o especialista, há impactos negativos para o Brasil. “Quando o preço do petróleo cai, há uma diminuição de receitas que o Estado brasileiro recebe razão do petróleo, royalties e participações especiais”, completa.
Isso também provoca a redução de lucro da Petrobras (PETR4) e outras empresas de petróleo do Brasil.
Por outro lado, há um reflexo positivo: quando há uma diminuição do preço do barril, a pressão nos preços internos dos combustíveis também diminui.
“Tivemos o anúncio de redução de R$ 0,12 para o diesel em abril e agora uma nova redução prevista para amanhã (6) de R$ 0,16. Apesar da política de ‘abrasileiramento’ que ninguém entende, abre espaço para a companhia reduzir preços, diminuindo a pressão inflacionária para o consumidor”, diz.
Rodrigues reforça que quando a Petrobras começa a vender combustível mais barato do que no mercado internacional, a estatal acaba “deixando dinheiro na mesa”.