Ouro salta mais de 3% de olho em tensões geopolíticas e ‘shutdown’ nos EUA

Após uma breve realização, o ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, voltou ao ritmo de ganhos nesta segunda-feira (20), no nível de R$ 4,3 mil
O contrato mais líquido do ouro, com vencimento em dezembro, fechou com alta de 3,46%, a US$ 4.359,40 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), nos EUA.
O que mexeu com o ouro?
Apesar do alívio nas preocupações do mercado sobre o mercado de crédito nos bancos regionais dos Estados Unidos, o ouro continuou a ser demandado como um ativo de proteção pelos investidores — em meio ao rompimento do cessar-fogo entre Israel e Hamas e temor de escalada de tensão comercial entre o território norte-americano e a China.
No fim de semana, Israel lançou uma série de ataques em Gaza e anunciou a interrupção da entrada de ajuda humanitária em resposta a investidas contra suas forças que deixaram dois soldados mortos, no mais recente e grave teste ao cessar-fogo deste mês mediado pelos Estados Unidos.
Já nesta segunda-feira (20), o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que espera chegar a um acordo comercial justo com o presidente chinês, Xi Jinping.
“Acho que ficaremos bem com a China. A China não quer fazer isso”, disse Trump antes das conversas bilaterais em Washington com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
“Temos o melhor de tudo e ninguém vai mexer com isso. Acho que terminaremos com um acordo comercial muito forte. Ambos ficaremos felizes”, acrescentou Trump.
A continuidade da paralisação (shutdown) da máquina pública dos EUA e as apostas de corte do juros norte-americanos pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) no final do mês e também ajudaram o metal precioso a retomar o nível dos US$ 4,3 mil por onça-troy.
Hoje (20), o shutdown entrou em sua quarta semana, com mais de dez tentativas de acordos entre Democratas e Republicanos para um novo financiamento do governo. Pela manhã, o diretor do Conselho Econômico Nacional do país e assessor da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que a paralisação “provavelmente terminará ainda esta semana”.
O mercado também precifica quase 100% de chance de corte nos juros norte-americanos em 29 de outubro, quando acontece a reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, os agentes financeiros veem 98,9% de chance de o Fed reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4,00%.
*Com informações da Reuters