Ouro renova recorde pela 2ª sessão consecutiva e ultrapassa US$ 3,6 mil por onça-troy com expectativa de corte nos juros pelo Fed

O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, manteve o nível histórico da véspera (2) e fechou em novo recorde nesta quarta-feira (3), em meio ao aumento da expectativa de corte nos juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
Pela manhã, o metal precioso atingiu a máxima intradia histórica de US$ 3.635,80 por onça-troy.
O contrato mais líquido do ouro, com vencimento em dezembro, fechou em alta de 1,21%, a US$ 3.635,50 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), nos EUA — também no maior nível histórico. O recorde anterior foi registrado ontem (2), quando o metal terminou a sessão a US$ 3.592,20 por onça-troy.
Além do ouro, a prata encerrou no maior patamar em 14 anos também pela segunda sessão consecutiva. O contrato mais líquido do metal, com vencimento em dezembro, teve ganho de 1,13%, cotado a US$ 42,06 por onça-troy na Comex. Durante o dia, a prata alcançou a cotação de US$ 42,29 por onça-troy.
O que mexeu com o ouro?
O metal precioso teve um novo impulso com o avanço das apostas de corte nos juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês), que acontece entre os dias 16 e 17 deste mês.
De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado vê 95,4% de chance de o BC dos EUA reduzir os juros em 0,25 ponto percentual em setembro. Ontem (2), a probabilidade era de 92,7%. Hoje, a taxa está na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
A elevação deve-se a dados de emprego dos EUA e declarações de dirigentes do Fed.
O relatório Jolts, elaborado pelo Departamento do Trabalho do país, mostrou que as vagas de emprego em aberto nos EUA caíram para 7,181 milhões em julho, em comparação com 7,37 milhões estimados pelos economistas consultados pela Reuters.
Além disso, o diretor do Fed, Christopher Waller, afirmou que apoiará um corte na taxa de juros neste mês e outras reduções nas próximas decisões, em entrevista à CNBC.
O presidente da unidade do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, também disse que as evidências de um mercado de trabalho mais fraco justificam um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros até o final deste ano. Ele destacou que a inflação acima da meta de 2% continua sendo o principal risco para o BC.
Após quatro anos com a inflação acima da meta de 2% do Fed, “a estabilidade de preços continua sendo a principal preocupação”, disse Bostic. “As implicações totais da política comercial ainda não estão claras. Não se sabe como a proposta de desregulamentação federal e as mudanças tributárias se manifestarão, nem até que ponto essas mudanças compensarão umas às outras”, disse Bostic.
A perspectiva de cortes também pressionou o dólar, que acumula desempenho negativo ante moedas globais. Desde janeiro, o índice do dólar, o DXY, já caiu 11% em meio à incertezas sobre a política comercial adotada pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Em linhas gerais, uma moeda mais fraca torna o ouro, cotado em dólar, mais atrativo para detentores de outras divisas.
O mercado também seguiu mais avesso ao risco com as preocupações com o cenário fiscal do país. Há ainda a incerteza sobrea independência do Fed diante do esforço da Casa Branca para a demissão da diretora Lisa Cook.
*Com informações de Reuters