Pague Menos (PGMN3): CFO explica o segredo para fazer o lucro saltar 50% e ainda quer mais
Mais uma vez, a Pague Menos (PGMN3) divulgou números “sólidos” no terceiro trimestre (3T25). Além de reportar um crescimento de 50% no lucro líquido, na casa dos R$ 80 milhões, os analistas destacaram o aumento “relevante” da receita bruta, das vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) e o ganho de market share.
No período entre julho a setembro, a receita bruta da Pague Menos subiu 18% na comparação anual, para R$ 4,145 milhões.
Já as SSS seguiram na casa dos dois dígitos pelo sexto trimestre consecutivo, atingindo 17,6% entre julho e setembro. A média de venda mensal por loja atingiu R$ 831 mil por mês, um crescimento de 32,4% ante o mesmo período de 2024.
Além disso, a rede de farmácias alcançou 6,7% de participação no mercado brasileiro, um crescimento de 5 pontos-base na comparação anual e recorde para a companhia, com destaque para as regiões Norte e Nordeste — onde a Pague Menos tem maior presença com número de lojas físicas.
“O que tem impulsionado esse nível de crescimento de receita é o que já vem sendo implementado pela companhia desde o ano passado e que pode ser resumido em três elementos: atividade promocional, execução de loja e o engajamento dos colaboradores”, afirmou Luiz Novais, diretor financeiro (CFO) da Pague Menos, em entrevista ao Money Times.
“Então, se a gente está crescendo há quase dois anos no patamar alto, é sinal de que os fundamentos estão ainda melhorando e tem bastante espaço para melhorar”, acrescentou o CFO.

Por trás dos números
Cliente de Cuidado Contínuo (CCC). Este é o “grande” impulsionador — e estratégia — adotada pela Pague Menos para os ‘bons resultados’ no 3T25.
Isso porque as categorias com maior representação nas vendas foram, mais uma vez, os medicamentos de marca e genéricos — que são remédios com prescrição médica. Juntos, o crescimento dos produtos foi de quase 50%.
“O crescimento tão relevante dessas duas categorias, que é a categoria mais importante de uma farmácia, é sinal de que os fundamentos estão funcionando bem, e por isso a gente está tão otimista com o futuro da companhia”, afirmou Novais.
No 3T25, 25% da base de clientes são os CCCs — o que corresponde a 75% do faturamento da companhia.
“Tudo [na companhia] está relacionado ao cliente de cuidado contínuo, que é aquele cliente que depende do seu medicamento diário. Ele toma todos os dias o seu remédio para hipertensão, para diabetes, etc. Todas as ações da companhia estão voltadas para atender melhor essa pessoa”, afirmou o CFO.
Mais destaques do balanço
No período de julho a setembro, o ticket médio da companhia teve um avanço de 9,9% na base anual, para R$ 94,39, com o aumento da cesta de compras e no preço médio composto por efeito mix de produtos vendidos.
Mas o fluxo de caixa operacional caiu de R$ 305,2 milhões no terceiro trimestre do ano passado para cerca de R$ 49 milhões no mesmo período de 2025.
“Acreditamos que no 4T25 teremos perfil de geração de caixa mais saudável e alinhado ao nosso histórico, refletindo ações de otimização de capital de giro, monetização de créditos fiscais e controle de investimentos”, disse a Pague Menos, em comunicado dos resultados ao mercado.
Segundo os executivos, durante a teleconferência com analistas, a geração de caixa foi pressionada por condições menos favoráveis nos medicamentos dentro do programa Farmácia Popular, já que o prazo médio de recebimento é mais alongado, de cerca de 45 dias.
Durante o período, a Pague Menos dobrou a vendas de remédios incluídos no Farmácia Popular. “Com a perda de credenciamento de algumas farmácias ao programa do governo, com certeza, esse fluxo migrou para a nossa rede”, afirmou Novais.
Além disso, o fluxo de caixa foi pressionado pelas vendas de produtos que têm a semaglutida (GLP-1) como princípio ativo — como as canetas emagrecedoras estilo Ozempic —, de alto valor agregado.
Na tentativa de amenizar o impacto, a rede de farmácias reduziu o limite de parcelamento para os medicamentos GLP-1 de dez para seis vezes para o cliente.
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Pague Menos e Extrafarma
A rede de farmácia encerrou o 3T25 com 1.667 unidades, sendo 11 aberturas de loja e encerramento de uma unidade.
No período, a Pague Menos realizou a conversão de 23 lojas da bandeira Extrafarma, totalizando 173 desde o início da integração das operações, há pouco mais de três anos.
A expectativa da companhia é seguir combinando sinergias nos próximos dois anos. “Estamos fazendo isso [processo de conversão de bandeiras] com bastante cuidado, porque tem algumas poucas lojas com um crescimento [de vendas] menor, e observando quais grupos de lojas com determinadas características ainda não favorecem a conversão”, explicou Luiz Novais, CFO da companhia.
Para ele, o ano de 2027 “pode ser o ano decisivo” para a Pague Menos decidir se permanece com a bandeira Extrafarma ou não.
Vem aí mais trimestres positivos?
Ao Money Times, o CFO afirmou que o momento também é favorável para a companhia, mesmo com a Selic a 15% ao ano.
“A gente atua, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste, onde a participação de farmácias independentes e associações é maior do que comparado com o Sudeste. Essas independentes estão sofrendo mais com o nível da taxa de juros – sendo mais difícil o financiamento dos seus estoques e as operações de lojas como todo. Enquanto o mercado está crescendo 10%, eles crescem 3%.”
Há ainda a expectativa de redução do endividamento da companhia nos próximos trimestres. A Pague Menos encerrou o 3T25 com nível de alavancagem de 2,5 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda, ante 2,8 vezes do igual período de 2024.
A entrada de R$ 243,5 milhões, da oferta de ações (follow-on) realizada no início de outubro, deve ter algum efeito na redução do endividamento da companhia.
“Os recursos do follow-on vão ajudar a acelerar, mas a companhia já está gerando caixa operacional e organicamente reduzindo o nível de alavancagem sem a realização da oferta”, afirmou Novais.
“No ano que vem, continuaremos sendo bastante conservadores na alocação de capital para preservar recursos para diminuir o financiamento”, acrescentou o CFO. “Porque 2,1 vezes, aproximadamente isso, ainda é um patamar alto para uma empresa que está num país onde a taxa de juros é de 15%.”
Segundo ele, a empresa espera atingir o nível abaixo de 2 vezes dívida líquida/Ebitda em 2026.
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