Internacional

Pandemia leva expatriados a voltarem para casa

23 nov 2020, 16:52 - atualizado em 23 nov 2020, 16:52
Aeroportos Aviação
Critérios mais rígidos para vistos, menos empregos e pressão governamental sobre empresas para contratarem localmente obrigam muitos a voltarem para casa (Imagem: Agência Brasil/Marcello Casal Jr)

Pegue uma pandemia, combine com uma recessão global e acrescente uma pitada de nacionalismo reprimido. Para profissionais estrangeiros qualificados, é um coquetel cada vez mais amargo.

Em potências financeiras como Cingapura, centros de tecnologia como EUA e grandes produtores de petróleo como Kuwait, a vida se tornou muito mais difícil para trabalhadores estrangeiros que, até recentemente, eram cortejados por sua especialização.

Critérios mais rígidos para vistos, menos empregos e pressão governamental sobre empresas para contratarem localmente obrigam muitos a voltarem para casa.

“Há uma certa rejeição da população local em relação aos expatriados”, disse William Harvey, professor da Universidade de Exeter que estuda gestão de talentos e migração. “É mais fácil despedir pessoas que não são do país.”

Mohamed Faizer é um dos muitos que passou pela experiência. Em março, o cidadão de Hong Kong era responsável por segurança da Jazeera Airways, do Kuwait, e sua carreira avançava. Então a Covid chegou, e Faizer perdeu o emprego na onda de cortes de custos que se seguiu. Neste ano, a companhia aérea teve que reduzir a força de trabalho, dispensando expatriados e cidadãos do Kuwait.

“Tudo estava indo tão bem e eu estava feliz”, disse Faizer. “Infelizmente, a Covid-19 mudou tudo.”

Agora, ele está em Hong Kong buscando emprego enquanto a esposa e filhos permanecem no Golfo. “Não posso trazê-los sem nada”, disse Faizer.

Não há dados globais atualizados sobre o movimento de expatriados, mas números de países individuais são impressionantes.

Cerca de 100 indianos se registram todos os dias em voos para casa que partem de Cingapura, disse Alto Comissariado da Índia à imprensa local em setembro.

Em uma reversão histórica, a Nova Zelândia – cujos cidadãos mais saem do que voltam para casa – registrou 33.200 residentes retornando do exterior entre abril e setembro deste ano, de acordo com estatísticas oficiais. E no ano até abril de 2020, mais cidadãos irlandeses voltaram ao país do que em qualquer momento desde 2007, mostram os números do governo.

Parte desse movimento, claro, é voluntário. A pandemia obrigou muitos a confrontarem se estar tão longe de amigos e familiares é realmente o que desejam.

Países como a Austrália, líder internacional na contenção do vírus, testemunharam uma onda de repatriados que decidiram priorizar o estilo de vida em vez da carreira.

O vírus, entretanto, acelerou tendências que se acumulavam antes da pandemia em questões como oportunidade, moradia e infraestrutura para residentes locais e estrangeiros.

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