‘Para o verão, é hora de comprar. Quanto a safrinha, eu recomendo esperar’; o mercado de fertilizantes às vésperas da safra 2025/2026

Apesar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter declarado um cessar-fogo para o conflito que envolveu o país, Irã e Israel, o mercado, principalmente o de fertilizantes, segue atento para qualquer fator que possa causar uma nova disrupção.
Como você viu aqui no Money Times, desde o primeiro ataque de Israel ao Irã, a produção de nitrogenados no Egito e Irã, responsáveis por grande parte da oferta global destes produtos, foi paralisada. Esse fator fez com que os preços da ureia nos portos do Brasil subissem 10%.
O country manager da Mosaic e presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), Eduardo Monteiro, explica que o problema para os insumos não se resume apenas à ureia, e que qualquer paralisação do Estreito de Ormuz geraria grandes impactos.
“Pelo Estreito de Ormuz passam 31% da oferta global de ureia, 20% da oferta de MAP (fosfato monoamônico), 44% da oferta de enxofre, que é usado para produção de fosfatado, além de 18% da oferta de amônia, usada na produção de MAP. Fora isso, temos Israel que também tem uma parcela relevante na produção de fosfatado”.
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É hora do produtor comprar fertilizantes ou esperar?
Na visão de Monteiro, no que se refere a safra verão 2025/2026, que se inicia em 1º de julho, o produtor rural deve se antecipar e comprar o quanto antes os insumos necessários para o cultivo. Do total de 2025 para fertilizantes, foram adquiridos 64%, contra 75% de 2024 e 70% da média dos últimos 3 anos.
“Para a soja, que precisa de fósforo e potássio, no mesmo período do ano passado, entre 90% e 94% dos insumos já haviam sido comprados, contra 74% deste momento e 70% da média dos últimos 3 anos. Olhando para a safra de verão, se eu tivesse tivesse que eleger prioridade, eu diria para o produtor adquirir estes volumes que estão faltando”.
Quanto à safrinha de 2025, que demanda grande volume de nitrogenados e potássio, já foram adquiridos 23% do volume necessário, contra 16% de 2024 e 19% da média dos últimos 3 anos.
“Eu diria para o produtor esperar e ver o que acontece, porque o conflito se deflagrou há 2 semanas e existem todas essas incertezas. Tudo isso é muito volátil. Como a ureia subiu na casa dos US$ 100 desde o início, uma trégua pode fazer com que essa volatilidade diminua, e principalmente entender os reflexos para o Irã, que responde por 20% da ureia que chega no Brasil”.
Os produtores de culturas como cana-de-açúcar, café e citrus, que precisam da adubação com nitrogenados, não conta com muito espaço para esperar, não tem muita opção a não ser entender suas ofertas disponíveis e tomar suas decisões.
“Para grãos de verão, como soja e milho, é hora de comprar. Já para o milho safrinha, eu recomendo esperar. Estamos a alguns de começar o novo ciclo, então é importante ele ter o fertilizante na sua fazenda”.
Segundo Monteiro, o fósforo opera com média histórica relativamente alta, enquanto o potássio está num número bastante razoável. “Não projetamos uma queda nos preços do fósforo, principalmente em função daquela demanda da China, que está exportando menos, algo que já falamos anteriormente”
O risco fora do radar no mercado
Também há duas semanas, durante a guerra entre Rússia e Ucrânia, os ucranianos atacaram com drones duas fábricas russas de fertilizantes, alegando que essas fábricas eram utilizadas para abastecer o exército da Rússia, através do nitrato de amônio, usado para explosivos.
“O Brasil é altamente dependente do nitrato de amônio para culturas como cana-de-açúcar, citrus e café. Isso, combinado com a situação do Irã e Israel, impulsionou um pouco mais essa reação nos mercados de nitrogênio. Até o mercado da China, que está um pouco fora dessa rota de conflito bélico, tirou o pé e subiu os preços do sulfato de amônio na casa de US$ 180 para entender o que vai acontecer com a disponibilidade de ureia e sulfato para poder precificar. Por isso que eu digo que o mercado de nitrogênio está bastante nervoso no momento. Se o produtor não tem necessidade, não é hora de comprar”.