Mercados

Para robôs do Itaú, Ibovespa pode estar próximo do fundo do poço

10 nov 2021, 14:21 - atualizado em 11 nov 2021, 13:53
Ibovespa
Incorporada pelo Itaú em abril, a Quantamental é dona de 12 robôs que possuem avatares projetados com características semelhantes às de traders. (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa pode estar próximo do fundo do poço do atual ciclo de queda, indicam os robôs da gestora Quantamental, cujas carteiras são geridas por algoritmos e inteligência artificial. É o que diz Victor Dweck, CEO e um dos fundadores da iniciativa, que faz parte da Itaú Asset.

Segundo Dweck, a avaliação de que a tendência de queda do Ibovespa está se esgotando é baseada em uma mudança de comportamento de ao menos um dos robôs da Quantamental durante as últimas semanas. A “Leda”, cuja função é detectar tendências, sinaliza uma exposição leve e gradual a algumas ações de varejo, shoppings e construtoras.

“Os nossos robôs, que operam carteiras, começam a ver ações muito baratas, de empresas de setores que sofreram muito com a chegada da Covid-19”, disse Dweck em entrevista ao Money Times. “Quando eles começam a se posicionar, é de forma pequena. Somos conservadores acima da média”.

Incorporada pelo Itaú em abril, a Quantamental é dona de 12 robôs que possuem avatares projetados com características semelhantes às de traders.

Cada robô sugere uma carteira com base em um foco diferente — analisando relatórios de bancos, seguindo small caps ou acompanhando empresas em recuperação, por exemplo. A gestora monta uma carteira resultante de todas as indicações, materializada com o fundo Quantamental Hedge — que busca superar o CDI.

A empresa também gere o Quantamental Gems, cujo objetivo é ultrapassar o Small Bovespa Index. “O robô sinaliza o momento de compra ou venda, mas meu papel como gestor é ser o técnico desse time”, explica Dweck.

Os robôs atuam conforme uma orientação geral que pode tender mais ou menos ao risco. Segundo o gestor, desde o início de julho, os avatares estão no modo “conservador”, em meio a uma piora das perspectivas fiscais — embora Dweck ressalte ver os balanços das empresas brasileiras “sólidos”.

Segundo ele, a ideia dos fundos é não estarem correlacionados ao desempenho da bolsa. “A gente tem um rebalanceamento diário das nossas posições. Isso é muito importante no controle de riscos, para ser verdadeiramente rigoroso”, diz.

Por ora, a estratégia tem levado o Quantamental Hedge a uma alta de 10,77% desde o início deste ano, contra o CDI em 5,85%. O Quantamental Gems cai 12,57%, ao passo que o Ibovespa recua 17,92%.

Desempenho do Ibovespa nos últimos meses. (TradingView)

Por que os robôs 

O gestor Victor Dweck (arquivo pessoal)
O CEO Victor Dweck (arquivo pessoal).

Dweck era gestor em um family office em 2017, quando começou a estruturar o trabalho conjunto com robôs, colocado em prática início de 2020.

O projeto teve inspiração no londrino Marshall Wace LLP, que há 20 anos coleta, consolida e quantifica informações de corretoras do mundo inteiro, para operar um fundo long short global.

Para o cofundador da Quantamental, o diferencial dos robôs é poder ter cada “trader” focado em uma forma de atuação. Na forma convencional, há uma mesa “enorme”, com caixinhas que operam de formas diferentes, diz.

Dweck destaca também a ausência da influência emocional sobre a atuação dos robôs. “A emoção é outro viés clássico do trader humano, que tende a mudar a forma de operar conforme se sente mais confiante, o que é um risco”.

O gestor fala em raras interferências humanas e diz que há também um algoritmo responsável por coletar o que é divulgado na mídia tradicional e redes sociais sobre as empresas, o que ajuda a identificar potenciais riscos que estão fora do radar dos outros algoritmos.

Dweck explica o trabalho da Quantamental como uma gestora que tenta unir análise de dados e experiência humana. “Ao longo da última década, teve um avanço muito grande do uso de dados. Python era uma linguagem [de programação] quase desconhecida”.

O gestor avalia que ainda há bastante espaço para crescimento do uso da análise de dados no mercado financeiro. O diagnóstico tem levado a Quantamental a promover, desde o ano passado, desafios universitários para a elaboração de robôs, que no final podem levar à contratação dos profissionais.

“O principal desafio é promover a gestão quantitativa”, diz Dweck. Em 2021, foram 100 equipes inscritas, com 289 alunos de 46 universidades. A empresa divulga o grupo vencedor no dia 6 de dezembro.

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em mercado financeiro. Colaborou com revista Veja, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Linkedin
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em mercado financeiro. Colaborou com revista Veja, Estadão, entre outros.
Linkedin
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar