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Paraguai não tem pressa de subir juros, diz banco central

05 mar 2021, 14:25 - atualizado em 05 mar 2021, 14:25
A inflação, agora em 2,5%, não deve se aproximar da meta de 4% do banco central até ao longo de 2022 (Imagem: Pixabay)

O Paraguai vai evitar elevar os juros em relação às mínimas históricas até que as autoridades de política monetária tenham certeza de que a recuperação está consolidada e, ainda assim, o caminho para taxas neutras “será um processo gradual”, segundo o presidente do banco central.

“Como as expectativas de inflação estão ancoradas, isso nos dá espaço suficiente para continuar apoiando a economia”, disse José Cantero em entrevista por vídeo na quinta-feira.

A inflação, agora em 2,5%, não deve se aproximar da meta de 4% do banco central até ao longo de 2022, disse. Analistas consultados pelo banco central no mês passado esperam que a autoridade monetária eleve a taxa de referência para 1,25% do nível atual de 0,75% até o final do ano e para 1,75% em 2022.

Cantero não quis comentar sobre o que o banco central considera um nível de taxa neutro.

Cantero, assim como líderes de outros bancos centrais, enfrenta a questão de como sincronizar a retirada de uma política monetária frouxa. O estímulo fiscal e o otimismo alimentados pela distribuição de vacinas reforçaram as expectativas de avanço da inflação, o que elevou os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. Projeções apontam que o Banco Central do Brasil, maior parceiro comercial do Paraguai, eleve a Selic no final deste mês.

O banco central paraguaio cortou a taxa básica em 325 pontos-base no espaço de apenas quatro meses, o maior corte acumulado no ano passado entre países sul-americanos com regimes de metas de inflação, e liberou liquidez de cerca de US$ 3,8 bilhões, ou 11% do PIB, incluindo empréstimos ao Tesouro e menores requisitos de reservas de depósitos. O Congresso também autorizou o governo a captar US$ 1,6 bilhão para gastar com a pandemia.

O Paraguai respondeu à crise “como um país com grau de investimento” e a economia provavelmente encolheu menos de 1% em 2020, disse Cantero. As principais agências de classificação de risco colocam o Paraguai um nível abaixo do grau de investimento.

A integração ainda limitada do Paraguai com a economia global é uma vantagem durante a atual crise de volatilidade do mercado financeiro desencadeada pelo aumento dos rendimentos dos títulos dos EUA, disse Cantero.

“Nossa economia está de volta ao normal e no caminho para crescer 4%”, disse Cantero. O banco central espera que a construção, a manufatura e o varejo sustentem a recuperação neste ano, acrescentou.

bloomberg@moneytimes.com.br