Paralisação do governo dos EUA se aproxima sem acordo em Washington

Os Estados Unidos se preparam nesta terça-feira para uma paralisação do governo já que parece ser improvável que republicanos e democratas cheguem a um acordo para prorrogar o financiamento após o prazo de meia-noite.
O Senado, controlado pelos republicanos, deve votar um projeto de lei de gastos temporários que já falhou uma vez, sem nenhum sinal de que uma segunda votação trará sucesso.
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Os democratas querem modificar o projeto de lei de gastos para prorrogar os benefícios de saúde que expiram no final do ano para milhões de norte-americanos. Os republicanos dizem que devem tratar dessa questão separadamente.
Enquanto isso, as agências federais divulgaram planos detalhados que fechariam escritórios que realizam pesquisas científicas, atendimento ao cliente e outras atividades não consideradas “essenciais” e mandariam milhares de trabalhadores para casa se o Congresso não chegar a um acordo sobre uma solução antes que o financiamento expire à meia-noite (horário local).
Relatório de pedidos de auxílio-desemprego pode não ser divulgado
As companhias aéreas advertiram que uma paralisação pode atrasar os voos, enquanto o Departamento do Trabalho disse que não divulgará seu relatório mensal de emprego, um termômetro da saúde econômica dos EUA.
Os democratas tentaram criar uma divisão entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e seus aliados republicanos no Congresso, dizendo que o presidente demonstrou interesse em prorrogar uma isenção fiscal que reduz os custos de saúde para 24 milhões de norte-americanos em uma reunião na Casa Branca na segunda-feira.
“Está nas mãos do presidente a possibilidade de evitarmos uma paralisação”, disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, após a reunião.
O vice-presidente, JD Vance, afirmou que os democratas haviam de fato proposto algumas ideias “razoáveis” na reunião, mas disse que eles não deveriam ameaçar fechar o governo para atingir seus objetivos.
Qualquer acordo de última hora também teria que ser aprovado pela Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, que não deve se reunir até quarta-feira, após o término do financiamento.
Os confrontos relacionados ao orçamento se tornaram uma característica rotineira em Washington, uma vez que a política do país tem se tornado cada vez mais disfuncional, embora muitas vezes sejam resolvidos no último minuto. O governo fechou pela última vez por 35 dias em 2018 e 2019, durante o primeiro mandato de Trump, devido a uma disputa sobre imigração.
Em questão está US$1,7 trilhão que financia as operações das agências, o que equivale a cerca de um quarto do orçamento total de US$7 trilhões do governo. A maior parte do restante vai para programas de saúde e aposentadoria e pagamentos de juros sobre a crescente dívida de US$ 37,5 trilhões.
Incerteza elevada
A disposição de Trump de ignorar as leis de gastos aprovadas pelo Congresso injetou mais incerteza desta vez, e ele ameaça ampliar sua ofensiva contra servidores públicos federais caso os parlamentares permitam uma paralisação do governo.
“Se o Congresso não fizer seu trabalho, então você permite que o Poder Executivo o faça da maneira que achar melhor. Esse é um motivo muito bom para não termos uma paralisação”, disse o senador republicano Mike Rounds, de Dakota do Sul.
Trump também se recusou a gastar bilhões de dólares aprovados pelo Congresso, levando alguns democratas a questionar por que deveriam votar em qualquer legislação de gastos. Embora os republicanos controlem as duas casas do Congresso, eles precisam de pelo menos sete votos democratas para aprovar a legislação no Senado.