Payroll reduze chance de corte de juros nos EUA em dezembro, segundo economista do C6 Bank
Depois de mais de seis semanas de atraso, o mercado finalmente recebeu os dados de emprego dos Estados Unidos referentes a setembro. No entanto, os números mostraram um mercado de trabalho ainda aquecido, o que aumenta a pressão sobre a reunião de dezembro do Federal Reserve.
Segundo o payroll, divulgado nesta quinta-feira (20), foram criadas 119 mil vagas no mês, acima da projeção do mercado, que esperava 51 mil. Além disso, os dados de agosto foram revisados de 22 mil contratações para 4 mil demissões.
“As 119 mil contratações registradas em setembro superaram as expectativas do mercado, que projetava 51 mil admissões no mês, e representam um forte crescimento em relação ao dado revisado de agosto”, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank. “De maneira geral, esse relatório trouxe números mais positivos, que indicam que o mercado de trabalho ainda mantém certo fôlego.”
Apesar de a taxa de desemprego ter subido de 4,3% para 4,4% em setembro — acima do esperado, que era 4,3% —, ela permanece baixa em termos históricos nos EUA. Os salários avançaram 0,2% no mês e acumulam alta de 3,8% em 12 meses.
“Com esse crescimento em ritmo forte, a tendência é de que os preços continuem pressionados, especialmente no setor de serviços, que costuma ser diretamente impactado pelo aumento da renda da população”, destaca Moreno.
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Segundo a economista, o bom ritmo de contratações nos últimos meses reforça a visão de que a atividade econômica americana segue robusta, o que tende a manter a inflação pressionada. Outros indicadores recentes, como o PMI de serviços — um termômetro da atividade no setor —, corroboram essa leitura.
Moreno lembra ainda que, antes da última decisão de juros, os membros do Fed demonstravam maior preocupação com uma possível deterioração do mercado de trabalho do que com a inflação, mas agora alertam para uma possível pausa no ciclo de afrouxamento monetário.
“A ata da última reunião de política monetária sugere que as preocupações em relação à alta dos preços têm aumentado. Esse cenário, junto com os dados de hoje, diminui a chance de um corte de juros na reunião de dezembro”, conclui.
Ata do Fomc
A ata da reunião de outubro do Fed, divulgada na véspera, mostrou que, embora o banco central tenha decidido cortar os juros em 0,25 ponto percentual, os dirigentes seguem divididos sobre os próximos passos da política monetária. A redução foi aprovada apesar da preocupação persistente com a inflação, que voltou a subir ao longo do ano e continua elevada na avaliação de boa parte dos membros do comitê.
Para as próximas reuniões, o cenário permanece incerto. A maioria dos dirigentes considera que novos cortes poderão ser apropriados à medida que a política monetária se aproxima de uma postura mais neutra. Ainda assim, vários membros sinalizaram que outro corte de 25 pontos-base em dezembro não está garantido.
Parte dos participantes vê espaço para uma nova redução caso a economia evolua conforme projetado, enquanto muitos defendem a manutenção dos juros no nível atual até o fim do ano.