Payroll sofre com ruídos, mas economia segue robusta e apostas para cortes de 0,25 p.p. nos juros sobem
O mercado se deparou com uma forte queda na criação de vagas de emprego nos Estados Unidos (EUA) em outubro — com apenas 12 mil novos postos de trabalho.
Economistas dizem que os números do payroll, de fato, reforçam as percepções de desaceleração no mercado de trabalho do país. No entanto, há ruídos significativos no resultado desse mês, por conta dos eventos climáticos e das greves.
Segundo o economista sênior do Inter, André Valério, os números foram influenciados pelo furacão Milton. “512 mil pessoas em empregos não-agrícolas declararam que não conseguiram trabalhar devido ao clima. A média dessa estatística para um mês de outubro é de 50 mil pessoas”, afirma.
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Além disso, Valério lembra que o instituto de estatística norte-americano reconheceu que cerca de 44 mil empregos foram retirados do setor de logística, devido à greve portuária do início de outubro.
Em linha, o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, diz que a estabilidade na taxa de desemprego — que ficou em 4,1% — apoia a tese de que a atividade econômica permanece robusta, apesar do menor ritmo nas contratações.
Igliori destaca ainda que os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados durante a semana também reforçam essa perspectiva. A economia norte-americana expandiu a uma taxa anualizada de 2,8% no terceiro trimestre de 2024.
O que o payroll diz sobre os juros dos EUA?
Os economistas do Inter e da Nomad concordam que o Federal Reserve (Fed) deve reduzir os cortes para 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião da semana que vem.
Eles dizem ainda que a autoridade monetária dos EUA pode manter o ritmo na decisão de dezembro, “até ter maior confiança do real impacto da greve e dos efeitos climáticos”, segundo Valério.
“Houve mudanças no balanço das apostas, com o crescimento na probabilidade de termos mais um corte no final do ano. Aqui o payroll fraco pode ter tido um impacto”, afirma Igliori.
Após a divulgação dos dados do mercado de trabalho, 98,3% das apostas preveem uma redução de 0,25 p.p. nos juros em novembro, levando a taxa para o intervalo de 4,50% a 4,75%.
Para dezembro, a maioria (83,1%) também esperava um corte igual, de acordo com o monitor CME FedWatch.