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Perdas de aéreas por Covid superam US$ 200 bilhões, segundo a IATA

04 out 2021, 12:21 - atualizado em 04 out 2021, 12:21
Setor Aereo
(Imagem: REUTERS/Mike Blake)

Os prejuízos das companhias aéreas com a pandemia do coronavírus devem ultrapassar US$ 200 bilhões à medida que as restrições às viagens devem pesar sobre a demanda corporativa e de longa distância até 2022, de acordo com o principal lobby do setor.

As transportadoras devem registrar um déficit coletivo de US$ 11,6 bilhões no próximo ano, disse a Associação Internacional de Transporte Aéreo na segunda-feira em Boston em sua reunião anual. O órgão também aumentou sua estimativa de perda para este ano e revisou para cima o déficit para 2020.

As perdas líquidas combinadas de US$ 201 bilhões durante o período da pandemia eclipsam quase nove anos de ganhos da indústria, com base nos números da IATA. Embora as viagens domésticas e regionais tenham começado a se recuperar, houve pouca recuperação nas rotas comerciais globais, tão cruciais para muitas operadoras.

Os EUA estão prestes a abrir suas fronteiras para visitantes transatlânticos no mês que vem, mas outros mercados de longa distância permanecem em crise, especialmente aqueles que conectam a Ásia com a Europa e a América do Norte.

“A magnitude da crise da Covid-19 para as companhias aéreas é enorme”, disse o diretor geral da IATA, Willie Walsh, na maior reunião de CEOs do setor em mais de dois anos. “As pessoas não perderam o desejo de viajar, como vemos na sólida resiliência do mercado doméstico. Mas elas estão sendo impedidas de fazer viagens internacionais por restrições, incertezas e complexidade.”

O tráfego de passageiros – número de pessoas que voam vezes a distância percorrida – deve atingir 40% dos níveis pré-pandêmicos neste ano, subindo para 61% em 2022, quando a contagem de viajantes deve ser de 3,4 bilhões. Isso é semelhante ao número de clientes de 2014, mas cerca de um quarto abaixo do número de 2019.

As perdas neste ano totalizarão quase US$ 52 bilhões, prevê a IATA, piores do que os US$ 48 bilhões estimados em abril, depois que os voos permaneceram limitados durante o normalmente lucrativo verão do norte.

O prejuízo do ano passado foi revisado de US$ 126 bilhões para cerca de US$ 138 bilhões.

Recuperação dos EUA

Entre as regiões globais, apenas as operadoras da América do Norte devem retornar ao lucro no próximo ano, com quase US$ 10 bilhões em receita líquida.

As companhias aéreas europeias registrarão perdas de cerca de US$ 9,2 bilhões, de acordo com a IATA, enquanto as operadoras do Oriente Médio, altamente dependentes de rotas intercontinentais, acumularão um déficit de US$ 4,6 bilhões.

Walsh, ex-CEO da British Airways, proprietária IAG, ofereceu algum otimismo aos líderes das companhias aéreas reunidas, dizendo que o setor “já passou do ponto mais profundo da crise” e que “o caminho para a recuperação está chegando.”

Os voos domésticos, que se beneficiam da remoção das restrições, estarão quase de volta aos níveis de passageiros anteriores à pandemia no ano que vem, disse a IATA.

O setor de carga aérea é outro ponto positivo, com a demanda este ano sendo 8% acima dos níveis de 2019, aumentando para mais de 13% em 2022 em meio a um aumento nas remessas para um reabastecimento global e a mudança para compras online.

Walsh disse que as companhias aéreas continuarão a precisar de medidas de apoio salarial dos governos até que as viagens internacionais se recuperem em escala, bem como medidas regulatórias, como a suspensão das regras de uso ou perda de slots em aeroportos.

A taxa de ocupação média de passageiros deve ser de cerca de 67% este ano, subindo para 75% em 2022 – ainda bem abaixo do recorde de 83% estabelecido em 2019.

Embora a IATA represente 290 companhias aéreas, compreendendo 82% do tráfego aéreo global, sua associação exclui várias companhias aéreas de baixo custo que estão entre as que se espera que se recuperem mais rapidamente da crise.

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