Opinião

Periferia e cultura em rede solidária – um rolê com Karl Marx pelo Capão Redondo

09 jul 2017, 23:14 - atualizado em 05 nov 2017, 14:00

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Por Thiago Vinicius, 28 anos morador de Campo Limpo, periferia da Zona Sul de São Paulo.

Há 12 anos desenvolve atividades que promovem o desenvolvimento local integrado e sustentável através de ações de Finanças Solidárias, Cultura, Juventude e Economia Solidária. Agência Solano Trindade Banco Comunitário União Sampaio observatório popular de direitos e Festival Percurso.

As moedas sociais democratizam o modo de funcionamento do sistema financeiro fazendo com que mais pessoas o compreendam como um assunto diário e, assim, dando a mesma importância ao assunto do futebol, do brinco da moda da mina na novela. É o entendimento do sistema financeiro que vai definir o preço do seu amado smartphone, da sua companheira televisão e o senhor de todos, o juro, que hoje é uma escravidão moderna.

A economia é uma bandeira de luta das periferias pois movimenta um grande volume de recurso financeiro e hoje as favelas querem gerir suas finanças da mesma forma que os mutirões construíram ruas, a força popular construiu ruas, escolas e postos de saúde. Hoje, uma vez que as demandas estruturais estão superadas, chegou a hora e a vez das comunidades olharem para sua economia e a partir da fruição de bens de consumo e o fortalecimento da economia solidária. 

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Os próprios moradores fazem as melhorias comunitárias, uma vez que há uma descrença generalizada nas instituições políticas. Eles nos largaram a própria sorte. Sacudimos a poeira e agora eles pedem e choram nosso apoio! Organização popular! Vai ter Banco Comunitário, sim! Horta Comunitária, sim! Biblioteca Comunitária, sim! Saúde Popular, Sim! Escola Popular, Sim! Já era! É uma caminhada que não voltamos atrás!

O Banco Comunitário União Sampaio, depois de 8 anos de atuação ativando o PIB do Jardim Maria Sampaio, chegou a um nível de consciência de que somos o banco da diversidade cultural – Periferia – Índios e Terreiro. Pelo banco comunitário é que a grana chega nos terreiros e nas aldeias e não é pela Lei Rouanet. É pela força do nosso trabalho.

É uma juventude periférica gerando renda, trabalho e desenvolvimento local. Juventude que aprendeu amar sua comunidade, amar o caos. Hoje ela quer melhorar sua comunidade ao mesmo tempo em que se gera renda fortalece o desenvolvimento local. É um sentimento de pertencimento, o que resume o amor que a juventude tem pela periferia.

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Esta é uma geração que tirou a minha comunidade das páginas policiais para ocupar as páginas culturais dos jornais. Jovem trabalhando aqui com a gente é menos um ladrão enfiando a arma na sua cara roubando sua brisa e seu relógio.

A cidade

Da mesma forma que o Jardins é meu, o Campo Limpo também é seu. O que acontece na Cracolândia ou no Capão doí em mim também.  O Festival Percurso possibilita a experimentação da cidade da sivirologia, da gambiarra, da oralidade, da intergeracionalidade. A favela não perdeu os valores que a sociedade hoje tenta colocar no lugar de onde nunca deveria ter saído: ética, respeito, confiança, troca, autogestão,

É a possibilidade de conhecer as várias cidades dentro da mesma cidade, sua ancestralidade e raízes ao mesmo tempo desfrutando das inovações tecnológicas que nos permitem conectar com mundo todo e fortalecer nossa rede de proteção.

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Sim! Nós existimos! Nossas tecnologias sociais são referência para a cidade e não venha nos invisivibilizar. Deixa eu passar com meu rasta, meu black, minha peruca, com a minha maquiagem! Periferia diversa e periferia Diversidade! O grito dos excluídos! Com alegria e raça sacamos da nossa arma: a palavra! “Tamu Vivo e Causando!”

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