Coluna
Economia

Perspectivas econômicas: Inflação moderada no Brasil e desaceleração global

11 ago 2025, 9:53 - atualizado em 11 ago 2025, 9:53
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Inflação brasileira desacelera no 2º semestre, enquanto indústria global enfrenta desafios entre EUA, Europa e China. Confira a agenda de indicadores para a semana. (Imagem: Getty Images/Canva)

A inflação no Brasil deve registrar alta moderada em julho, seguida por uma leve queda em agosto, refletindo uma desaceleração gradual da economia. Apesar dos ajustes recentes em preços e tarifas, a inflação acumulada em 12 meses ainda deve ficar acima da meta, mas com sinais claros de arrefecimento, apoiados pela redução da atividade econômica, deflação nos preços ao produtor e valorização do câmbio.

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No cenário internacional, a indústria dos Estados Unidos e da Europa enfrenta desafios, com crescimento fraco e indicadores que apontam para uma desaceleração. Na China, a demanda por crédito e a produção industrial mostram sinais de enfraquecimento, indicando limitações nos estímulos econômicos recentes. A combinação desses fatores sugere um ambiente global mais contido para o crescimento econômico nos próximos meses.

Confira as projeções para a agenda desta semana

IPCA
Apesar dos ajustes nos preços dos jogos lotéricos e nas tarifas de energia elétrica, projetamos que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho registre variação moderada, de 0,34% no mês, antes de apresentar um recuo mais pronunciado em agosto, com deflação estimada em 0,20%. Caso nossas estimativas se confirmem, a inflação acumulada em 12 meses deverá ceder para 5,12% em agosto. Embora esse patamar permaneça acima do teto da meta para 2025, os indicadores qualitativos apontam para uma trajetória de desaceleração no segundo semestre, favorecida pelo arrefecimento da atividade econômica, pela deflação nos preços ao produtor e pela recente valorização do câmbio.

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Varejo
As recentes retrações nas vendas do varejo e a moderação do setor de serviços podem abrir espaço para uma variação mensal positiva em junho. Projetamos que o comércio varejista registre seu primeiro avanço em três meses, impulsionado não apenas pela base de comparação mais baixa, mas também pelo mercado de trabalho, que permanece resiliente e com a menor taxa de desocupação da série histórica, mesmo em um contexto de desaceleração da atividade. Embora os indicadores antecedentes apontem para uma desaceleração mais intensa do setor de serviços, o recuo observado na transição de maio para junho, captado, por exemplo, pelo índice de gerentes de compras, foi apenas marginal. Ainda assim, mantém-se o diagnóstico de que os setores produtivos da economia brasileira estão perdendo tração, refletindo principalmente os efeitos defasados do aperto monetário.

Indústria
A produção industrial americana deve apresentar recuo mensal de 0,2% em julho. O dado caminha na mesma direção do PMI industrial, que caiu de 52,9 para 49,8 no mês, voltando à zona de contração. Parte desse movimento se explica pelo esgotamento do impulso gerado pela antecipação de encomendas e importações antes da implementação das novas tarifas. Com a política tarifária mais ampla começando a vigorar em agosto, os custos devem subir, pressionando ainda mais a indústria nos próximos meses.

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PIB
A economia da Zona do Euro deve apresentar crescimento de 0,1% no segundo trimestre, repetindo o resultado do trimestre anterior e reforçando a leitura de estagnação no bloco. A recuperação segue desigual e pouco convincente, pressionada por uma indústria ainda fragilizada e consumo doméstico hesitante. Embora o PMI composto da região tenha avançado para 50,9 em julho, o maior patamar dos últimos quatro meses, o nível ainda sugere apenas estabilidade da atividade. A produção industrial da Alemanha, motor econômico da Europa, recuou 1,9% em junho, e o dado de maio foi revisado para baixo, acentuando a percepção de fraqueza no setor manufatureiro. Diante dessa conjuntura, aumenta a probabilidade de o Banco Central Europeu intensificar os cortes de juros ao longo do segundo semestre.

Economia chinesa
O volume de novos empréstimos na China deve apresentar forte desaceleração em julho, refletindo tanto a fraqueza da demanda por crédito quanto fatores sazonais. Após uma disparada em junho, com 2,24 trilhões de yuans concedidos — impulsionados por metas trimestrais dos bancos —, o mercado projeta um volume muito inferior para julho, na casa de 300 bilhões de yuans. Mesmo com o banco central mantendo uma política monetária acomodatícia, a efetividade dos estímulos parece limitada. A dificuldade em reaquecer a demanda interna continua sendo um obstáculo.

A produção industrial chinesa deve apresentar novo enfraquecimento em julho, com crescimento anual projetado em torno de 5,8%, abaixo dos 6,8% registrados em junho. O dado sinaliza que o impulso gerado pelas exportações antecipadas, motivadas pela perspectiva de novas tarifas americanas, já está se dissipando. A expectativa de uma possível extensão da trégua comercial com os Estados Unidos por mais 90 dias pode dar algum alívio, criando espaço para novas medidas de estímulo voltadas ao consumo. As vendas no varejo, por sua vez, devem manter em julho um ritmo semelhante ao observado no mês anterior, com crescimento próximo de 4,8% na comparação anual. Apesar de positivo, esse desempenho ainda está abaixo do patamar necessário para impulsionar a economia de forma mais consistente.

Confira a agenda de indicadores entre 11 de julho a 15 de agosto (horário de Brasília):

Segunda-feira, 11 de agosto

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Horário País Indicador
Japão Feriado
8h25 Brasil Relatório Focus (Semanal)

Terça-feira, 12 de agosto

Horário País Indicador
03h Reino Unido Taxa de desemprego
06h Zona do euro Percepção Econômica ZEW
09h Brasil IPCA
9h30 EUA CPI

Quarta-feira, 13 de agosto

Horário País Indicador
09h Brasil Vendas no varejo

Quinta-feira, 14 de agosto

Horário País Indicador
03h Reino Unido PIB, Produção industrial e Balança comercial
06h Zona do euro PIB e Produção industrial
09h Brasil Crescimento no setor de serviços
9h30 EUA PPI e Pedidos semanais de seguro-desemprego
20h50 Japão PIB
23h China Produção industrial, Vendas no varejo e Taxa de desemprego

Sexta-feira, 15 de agosto

Horário País Indicador
9h30 EUA Vendas no varejo
10h15 EUA Produção industrial

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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
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