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Petrobras: contrariar Bolsonaro é, mesmo, um sinal de independência?

06 dez 2021, 18:37 - atualizado em 06 dez 2021, 19:23
Petrobras
Desconfiança: especialistas são céticos quanto à autonomia da Petrobras (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes/File Photo)

Um quem-disse-me-disse tem sido o foco das discussões nesta segunda-feira (6), após o presidente Jair Bolsonaro afirmar ao site Poder360, neste domingo, que “a Petrobras começa nesta semana a anunciar redução no preço do combustível” — sem citar números ou estratégias para isso ocorrer.

Hoje, no entanto, a Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou um comunicado afirmando que a mudança no valor da gasolina e do diesel não está prevista e que “qualquer alteração será avisada ao mercado”.

As afirmações parecem ter mexido com o mercado, trazendo à tona discussões sobre se o acontecimento apresenta ou não uma declaração de independência da veterana petroleira em relação ao governo.

Para Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, apesar de rebater a fala de Bolsonaro, mesmo sem citá-lo, o comunicado da Petrobras não demonstra uma independência do governo.

“A empresa tem dados sinais de melhora de sua gestão nos últimos anos, mas como a confiança foi abalada no passado, sempre existem dúvidas”, afirma. “O mercado já percebeu que as falas do presidente são apenas conjecturas, mas, se fosse atribuído que a estatal é realmente independente, ela nem precisaria comunicar nada.”

Tudo pelo social?

A opinião de Viriato não é compartilhada pelo professor de economia da FEA-USP, Paulo Feldmann, que entende a Petrobras como uma empresa “quase-independente”. “Não se pode dizer que ela é completamente independente do governo, mas, como uma empresa de capital aberto, ela precisa levar em conta o acionista minoritário, então ela não pode fazer o que o acionista majoritário — ou seja, o governo — quer”, explica.

De acordo com Feldmann, “os acionistas menores querem que a Petrobras seja uma empresa rentável” e “estão pouco preocupados” com a atuação social da companhia. “A questão é essa: boa parte da inflação é causada pela gasolina e, se a Petrobras abaixasse o combustível, ela teria prejuízo, apesar de melhorar a inflação, e isso é muito ruim para os negócios”, diz.

Mesmo no próximo governo, para o economista, a independência da petrolífera não deve ser ameaçada pelo fato de a empresa ser “uma instituição bastante forte”.

“Nenhum governante vai querer mexer na Petrobras, porque ela é muito forte e quem tentou fazer isso no passado não conseguiu. Outra coisa importante é que a Petrobras tem ações em bolsas de outros países, inclusive em Nova York, então ela precisa seguir as recomendações dos mercados internacionais”, afirma.

Papéis em alta

As ações da Petrobras passaram o dia em alta. Por volta das 18h, os papéis preferenciais subiam 0,63%, sendo negociados a R$ 28,94. Já as ações ordinárias avançavam 0,93%, para R$ 30,35. Mas, para Viriato, mais do que uma reação às falas de Bolsonaro e da Petrobras, a alta nos ativos acontece por conta de uma queda geral no preço do petróleo.

“O mercado não está reagindo a um ou a outro — o petróleo caiu no mercado internacional. Os analistas já esperam uma alteração correspondente devido à queda, caso ela persista”, diz. Nesta segunda, o petróleo Brent ficou mais barato, oscilando na casa dos US$ 70 e saindo dos US$ 80.

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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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