Petrobras (PETR4) cai 3% nesta terça-feira (16); entenda
As ações da Petrobras (PETR4) recuavam nesta terça-feira (16), acompanhando a queda do petróleo no mercado internacional. Por volta das 14h56, os papéis eram negociados a R$ 30,80, com baixa de 2,84%, movimento que era seguido pelas empresas junior do setor na Bolsa. O barril do Brent caía 2,7%, a US$ 58,92.
O petróleo recua com o aumento do temor de que uma sobreoferta atinja o mercado de petróleo a partir de 2027. O cenário combina a retomada da produção, a redução dos cortes da Opep e uma desaceleração do crescimento da demanda global.
Na última semana, a Agência Internacional de Energia (AIE) e a Opep divulgaram relatórios elevando as projeções de oferta para o próximo ano, com destaque para a produção de países fora do cartel. A estimativa é de uma oferta adicional de cerca de 600 mil barris por dia, puxada principalmente por Estados Unidos, Brasil e Argentina.
“As projeções, em particular para 2026, são de um excedente de produção bastante grande. Isso tem levado o mercado a se posicionar de forma vendida”, disse Regis Cardoso, head de Óleo, Gás e Petroquímicos da XP Investimentos.
Outro fator no radar é um possível avanço nas negociações para o fim do conflito na Ucrânia. O principal negociador de paz do país afirmou que houve “progresso real” na segunda rodada de conversas entre autoridades ucranianas e norte-americanas. Para Vitor Sousa, analista da Genial, a redução das tensões geopolíticas tende a retirar o prêmio de risco dos preços futuros do petróleo, especialmente quando envolve grandes produtores, como a Rússia.
Além disso, o mercado projeta enfraquecimento da demanda no próximo ano, em meio a um menor crescimento global. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o PIB mundial avance 3,1% em 2026, após crescimento de 3,2% em 2025. Segundo Sousa, a curva futura não precifica, por ora, uma alta relevante dos preços nos próximos anos.
O que esperar da Petrobras com o petróleo em baixa?
Mais cedo, o Itaú BBA disse que com uma revisão para baixo do preço de longo prazo do petróleo — de US$ 65 para US$ 60 por barril —, a Petrobras segue oferecendo atratividade em termos de retorno ao acionista. O banco manteve recomendação de outperform e estima dividend yield de 10% em 2026, considerando o petróleo a US$ 62 por barril, no cenário base.
O Itaú BBA ressalta que a estratégia de acelerar projetos de exploração e produção reduz a flexibilidade para cortar capex no curto prazo e pode pressionar o fluxo de caixa livre ao acionista em 2026.
No cenário acelerado, que considera a antecipação de três plataformas em Búzios, o FCFE cairia para 6% em 2026, com dividend yield estimado em 9%. Ainda assim, o banco avalia que esse movimento fortalece a capacidade de geração de caixa no médio prazo.
*Com Vitor Azevedo