Petrobras (PETR4): Como ficam o caixa e os dividendos com o petróleo de volta a US$ 65

O cessar-fogo entre Irã e Israel deixa em aberto para parte dos analistas a discussão sobre dividendos e a trajetória financeira da Petrobras (PETR4).
Com o petróleo cotado a US$ 65 por barril em 2025, o Santander estima que a estatal poderá distribuir US$ 7,3 bilhões em dividendos, o que representa um dividend yield de aproximadamente 9%, em linha com os pares globais.
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Apesar das declarações recentes do CEO da companhia, Magda Chambriard, sobre a intenção de pagar dividendos extraordinários, o banco avalia que a atual estrutura de capital da Petrobras só comporta o pagamento de dividendos ordinários, já que qualquer distribuição adicional exigiria um aumento relevante da alavancagem.
As estimativas do Santander apontam para uma alavancagem de 1,6x no fim de 2025, acima da média global de 1x ND/Ebitda (indicador financeiro que mede a capacidade de uma empresa pagar suas dívidas em relação ao seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
O banco acredita que os investidores voltarão a discutir possíveis ajustes no Plano Estratégico da companhia, previsto para o quarto trimestre, além de acompanhar de perto os desdobramentos sobre sua política de distribuição de dividendos.
Petrobras gera caixa mesmo com petróleo depreciado
Para o analista da Empiricus Research, Ruy Hungria, o petróleo pode ir para US$ 80 ou US$ 90, mas o mais importante é saber onde ele não pode ir. “Os últimos eventos mostraram que dificilmente veremos o barril abaixo de US$ 60 — patamar que ainda permite um dividend yield razoável”, disse.
Para ele, tanto a Petrobras quanto Prio (PRIO3) conseguem gerar caixa mesmo com o petróleo depreciado, o que, somado ao valuation descontado e à boa execução operacional, justifica a recomendação de compra para as duas.
“No caso da Petrobras, o mercado vinha precificando um risco elevado de queda no petróleo. O simples fato de esse risco ter saído do radar já é positivo para a ação”, acrescentou Hungria.
“E, se o governo precisar dos dividendos da estatal, melhor ainda — especialmente em um cenário de petróleo mais alto.”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse neste mês que o governo negocia dividendos extraordinários das estatais, entre outras questões, para atender a meta fiscal de 2025.
E se o conflito for retomado?
Apesar do cessar-fogo, o mercado não descarta a possibilidade de o conflito voltar a se acirrar.
Nesta quinta-feira (26) o aiatolá Ali Khamenei disse que o Irã responderá a qualquer ataque futuro dos Estados Unidos atacando bases militares norte-americanas no Oriente Médio.
Khamenei reivindicou vitória após 12 dias de guerra, que culminou com um ataque iraniano à maior base dos EUA na região, localizada no Catar, depois que Washington aderiu aos ataques israelenses.
Trump disse “com certeza” na quarta-feira quando perguntado se os Estados Unidos atacariam novamente se o Irã reconstruísse seu programa de enriquecimento nuclear.
No caso do conflito envolvendo o Irã, parte do risco se concentra na interrupção do fluxo no Estreito de Ormuz — rota por onde passam cerca de 20% do petróleo e derivados do mundo.
Para o analista do BTG Pactual, Jerson Zanlorenzi, o investidor precisa se acostumar com a volatilidade e não deixar que isso tome conta das decisões de portfólio. Para ele, justamente nesses momentos, não é hora de tomar nenhuma decisão impulsiva.
“A volatilidade diminuiu, mas a incerteza continua. Questões militares são praticamente impossíveis de modelar, mas esse maior nível de incerteza não é necessariamente ruim para mercados emergentes”, afirmou durante transmissão ao vivo do banco no YouTube.
Ele acrescentou que o timing perfeito para comprar ativos sempre foi difícil, e disse que no pós-pandemia ficou praticamente impossível. “Em cinco minutos, o cenário pode mudar drasticamente. Para quem não opera no dia a dia, tentar acertar o curto prazo está muito difícil”, afirmou.
“Excelentes ativos não estão difíceis de encontrar. O caminho é comprar e esquecer. É aí que se ganha dinheiro”, disse.
Na carteira recomendada de ações de junho, o BTG trocou Petrobras por Prio, “dada a melhor dinâmica de resultados desta última”. Mas na seleção para dividendos do banco a estatal segue aparecendo.