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Petrobras (PETR4): Enquanto espera preço ‘irresistível’ da ação, Genial tem preferência por petroleira júnior

08 set 2023, 12:39 - atualizado em 08 set 2023, 12:39
Petrobras, empresas, ações
Genial tem novo preço-alvo de R$ 38 para as ações da Petrobras (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A Genial Investimentos aproveitou a recente alta dos preços do petróleo Brent para atualizar o preço-alvo de Petrobras (PETR4) a R$ 38, de R$ 25 anteriormente.

A atualização também considera uma menor percepção de risco corporativo dentro do case da empresa estatal, segundo a corretora.

Apesar disso, a recomendação de “manter” foi reforçada. A Genial explica que, considerando os termos com que as ações da Petrobras negociam atualmente, a postura conservadora se sobressai.

Analistas da instituição não descartam uma eventual mudança de recomendação, mas apenas no momento em que o valuation da companhia fique “simplesmente irresistível e impossível de ser desprezado”.

“A grande questão sobre a tese da empresa (e, consequentemente, em relação à nossa recomendação) não diz respeito ao que conseguimos ver de maneira clara e objetiva em relação as operações da empresa, mas sim sobre aquilo que não podemos ver – e desprezar esse tipo de coisa no case da Petrobras é um erro que não pretendemos cometer, principalmente se considerarmos a existência de outros cases com muito menos incerteza no setor”, explicam Vitor Sousa e Israel Rodrigues, que assinam o relatório divulgado na semana.

Dilema

Na avaliação da Genial, a Petrobras, do ponto de vista operacional, é muito interessante. No entanto, existe uma dificuldade em avaliar a empresa sob outros pontos, derivados de riscos políticos inerentes à tese.

A corretora levanta que empresas estatais costumam estar mais ou menos expostas a decisões executivas que não são necessariamente do interesse dos acionistas.

No caso da Petrobras, destaca, há o uso dos derivados de combustíveis como instrumento de política monetária/controle de inflação, projetos de investimentos pouco rentáveis e aquisições pouco interessantes.

“Existe um grande interesse anunciado em usar a Petrobras como ferramenta política industrial em detrimento de investimentos com bons retornos ao acionista. Imaginamos que a atualização do plano de negócios da empresa seja um evento importante a ser acompanhado, tendo em vista o risco de materialização desses pontos”, avaliam os analistas.

Ainda, existe o risco de aquisições de refinarias previamente privatizadas, empresas de distribuição e investimentos em eólicas offshore, completa a Genial.

Dividendos

As estimativas da Genial para pagamento de dividendos estão alinhadas com a política anunciada pela Petrobras. A grande questão é o potencial de dividendos extraordinários, afirma a corretora.

“A empresa está gerando uma quantidade de caixa o suficiente para cobrir todo o investimento previsto, pagar o fluxo de dividendos regulares e distribuir proventos extraordinários – resta saber se esses recursos ‘em excesso’ se transformarão em recompras de ações, dividendos ou, no pior dos cenários, em maiores investimentos em braços de negócios que julgamos pouco interessantes para o case da Petrobras”, dizem Sousa e Rodrigues.

Os investimentos esperados para 2023 são de US$ 16 bilhões. Até o primeiro semestre, os investimentos foram de US$ 5,7 bilhões, apenas 35% do total de investimentos esperados para o ano inteiro.

“Ou seja, o subinvestimento da empresa em relação ao seu próprio plano de negócios pode ser uma alavanca para pagamento de dividendos se considerarmos a fórmula atual (45% do Fluxo de Caixa Operacional – Investimentos)”, destacam os analistas.

Preferência por petroleira júnior

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Prio é preferência da corretora dentro do setor de óleo e gás (Imagem: Divulgação/PRIO)

A Genial segue preferindo Prio (PRIO3) em vez de Petrobras. De acordo com a instituição, a Prio negocia com múltiplos alinhados a PETR4, mesmo sendo uma empresa privada – e com a vantagem de mais crescimento de produção esperado. A geração de caixa é similar e, de quebra, a tese não apresenta os mesmos riscos de uma companhia estatal, acrescentam os analistas.

“Além disso, é importante mencionar que a produção da Prio já está acima do que foi estimado no seu certificado de reservas (atualmente, a empresa alcançou uma produção de 100 mil barris/dia vs. 92 mil barris/dia, de acordo com a sua certificação de reservas publicada em março/23) e permanece com a curva do petróleo mais conservadora em relação a atual”, explicam Sousa e Rodrigues.

Em relação a pares privados globais e estatais estrangeiras, a Genial avalia que a Petrobras negocia atualmente a 2,7 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) para 2024, mais próxima dos cases privados do que de cases estatais.

Por esses termos, conclui o time de análise, PETR4 aparentemente já “fechou” o desconto em relação aos pares privados a “patamares razoáveis”.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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