Petrobras (PETR4): Licença para perfurar Foz do Amazonas é positiva, mas impacto por ora é pequeno

O aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) à Petrobras (PETR4) para o inicio da perfuração da Foz do Amazonas é vista por analistas como positiva, mas, por ora, não deve impactar as ações da estatal.
A visão geral é de que ainda é muito cedo para projetar qualquer expectativa quanto à exploração de petróleo na região da Margem Equatorial.
“Por enquanto, não dá para termos nenhuma projeção sobre quantos barris podem ser retirados da região por dia. Isso só vai acontecer depois da perfuração”, fala Adriano Pires, sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura e ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A Ativa Investimentos corrobora que, no momento, o impacto da liberação para o valor das ações é limitado — pelas 13h30, os papéis preferenciais da Petrobras operam com leve alta, de 0,30%, a R$ 29,82.
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Embora a novidade não mude a produção nem o caixa da empresa no curto prazo, ela marca, na interpretação da research, o início de uma nova fase de exploração em uma das últimas áreas ainda pouco estudadas do país.
“A notícia, porém, aumenta o potencial futuro de exploração e fortalece a presença da Petrobras em uma região parecida com a da Guiana, onde descobertas recentes aumentaram a produção e chamaram atenção internacional”, afirmam os analistas.
Tanto Pires quanto a Ativa destacam que as reservas atuais da Petrobras têm cerca de 10 anos de duração e que a abertura da nova frente de exploração é algo estratégico para o longo prazo.
“No Brasil, já tivemos a bacia de Campos, que foi substituída pela bacia do Pré-Sal. Hoje o Pré-Sal está produzindo bastante, mas a curva começa a cair, a declinar, a partir de 2030”, fala Pires. “A Margem Equatorial vai permitir que o Brasil siga sendo um protagonista no setor de petróleo”.
As estimativas, segundo ele, são de que a região tenha reservas similares às do Pré-Sal, entre 10 e 14 bilhões de barris. No entanto, o número só será confirmado após a perfuração.
Pires, porém, menciona que após a perfuração o início da produção deve demorar ainda cerca de quatro ou cinco anos.
“A liberação demorou muito e vem em um momento um pouco duvidoso. Estamos com a projeção de que o barril de petróleo, ano que vem, estará por volta dos US$ 50. O estímulo às perfurações pode cair”, diz Pires.
O analista da Eleven Financial, Malek Zein, destaca que a operação é algo próprio do modelo de negócios da Petrobras, daí também a falta de reação dos papéis. “Todo ano, a companhia explora diversos blocos para verificar se podem se transformar em produção”, ressalta.
Segundo Ruy Hungria, da Empiricus, a região ainda não tem um potencial totalmente conhecido, mas, comparando com países vizinhos, é possível que haja reservas significativas na parcela brasileira da Margem Equatorial.
Ele ressalta, no entanto, que mesmo que esse potencial se confirme, os efeitos nos resultados e dividendos da Petrobras só devem aparecer daqui a alguns anos, já que a produção está prevista para começar no fim desta década ou início da próxima.
Para o CEO da Gravus Capital, Ricardo Trevisan Gallo, esse pode ser um momento interessante para reavaliar a tese de investimento na ação da estatal, considerando não apenas os fundamentos de curto prazo (dividendos, produção corrente do pré-sal, gestão de custos), mas também o potencial de criação de valor de longo prazo representado pela nova fronteira exploratória.