Petrobras (PETR4): O potencial dos dividendos com o novo ciclo de investimentos, segundo Itaú BBA e XP
O novo ciclo de investimentos da Petrobras (PETR4) tende a reduzir a distribuição de proventos no curto prazo, mas cria as bases para dividendos mais robustos no médio prazo, disseram analistas. A principal variável de risco segue sendo o preço do petróleo, além de eventuais pressões de custos e riscos operacionais.
Na visão do Itaú BBA, mesmo com a revisão para baixo do preço de longo prazo do petróleo — de US$ 65 para US$ 60 por barril —, a Petrobras segue oferecendo atratividade em termos de retorno ao acionista. O banco manteve recomendação de outperform e estima dividend yield de 10% em 2026, considerando o petróleo a US$ 62 por barril, no cenário base.
O Itaú BBA ressalta que a estratégia de acelerar projetos de exploração e produção reduz a flexibilidade para cortar capex no curto prazo e pode pressionar o fluxo de caixa livre ao acionista em 2026. No cenário acelerado, que considera a antecipação de três plataformas em Búzios, o FCFE cairia para 6% em 2026, com dividend yield estimado em 9%. Ainda assim, o banco avalia que esse movimento fortalece a capacidade de geração de caixa no médio prazo.
Para 2027, o dividend yield poderia chegar a 12% no cenário acelerado, impulsionado pelo aumento da produção, enquanto no cenário base o rendimento permaneceria em torno de 10%. Em simulações adicionais, o banco estima que, com o petróleo a US$ 70 por barril, o dividend yield em 2026 poderia alcançar 12%, enquanto a US$ 50 por barril ficaria em torno de 6%.
Já XP Investimentos elevou as projeções de capex em 9% para 2026 e 2027 e revisou para baixo suas estimativas de FCFE em 14% para 2026. Ainda assim, a XP projeta que a Petrobras gere US$ 6,6 bilhões de FCFE em 2026, o equivalente a um yield de 8,5%, e US$ 8,2 bilhões em 2027, com yield de 10,6%.
Segundo a XP, as projeções seguem mais conservadoras do que as implícitas no próprio plano de negócios da Petrobras, sobretudo a partir de 2028, quando a estatal indica potencial de aumento relevante do caixa operacional e redução de investimentos e despesas com arrendamentos, o que poderia abrir espaço adicional para distribuição de dividendos.
A XP reiterou a recomendação de compra para as ações da Petrobras, mantendo o preço-alvo em R$ 37. O Itaú BBA, por sua vez, manteve a recomendação de outperform, com preço-alvo de R$ 43 ao fim de 2026 (equivalente a US$ 15,6 para o ADR), apontando um potencial de valorização de cerca de 36% em relação aos níveis atuais.