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Petrobras (PETR4) perdeu para petroleiras júniores no 3T22? Saiba se é hora de deixar a estatal de lado

29 nov 2022, 8:00 - atualizado em 25 nov 2022, 16:39
Petróleo
PRIO foi quem entregou os melhores resultados no terceiro trimestre de 2022 do setor de óleo e gás (Imagem: REUTERS/Vasily Fedosenko)

PRIO (PRIO3) foi a empresa do setor de óleo e gás que entregou os melhores resultados no terceiro trimestre de 2022, afirmam os analistas Ruy Hungria, da Empiricus Investimentos, e Júlio Borba, da Benndorf. Do outro lado da moeda, 3R Petroleum (RRRP3) e Enauta (ENAT3) tiveram os balanços mais fracos do período.

Os números positivos da PRIO, segundo os analistas, representaram uma combinação dos seguintes fatores: aumento relevante de produção no campo de Frade e forte redução do lifting cost (custo de extração por barril), além dos preços do petróleo em níveis elevados, apesar de uma queda na comparação com os meses de abril a junho.

A empresa reportou receita de US$ 378,1 milhões e Ebitda (lucro antes de juros impostos depreciação e amortização) de US$ 285,3 milhões no trimestre, ambos acima do esperado pelo consenso do mercado.

Por outro lado, o balanço da 3R Petroleum sofreu com problemas de produção — principalmente no polo Macau —, aumento do lifting cost por conta do início da operação em campos menos eficientes e também por intervenções visando aumento de produção futura. A companhia teve receita líquida de R$ 502 milhões e Ebitda ajustado de R$ 192,6 milhões.

A Enauta também figura entre os piores resultados do trimestre, de acordo com Hungria e Borba, pois teve uma produção bem abaixo das expectativas devido à parada do Campo de Atlanta. A produção média diária da companhia caiu pela metade em relação ao segundo trimestre, totalizando 9,8 mil barris.

Por fim, a PetroRecôncavo (RECV3) teve custos acima do esperado no terceiro trimestre. Já a Petrobras (PETR3PETR4) não teve grandes vendas de ativos como no passado.

Para os analistas, no geral, os desempenhos das petroleiras júniores não foram superiores ao da Petrobras. Isso porque a única que realmente se destacou foi a PRIO. “Por enquanto, a Petrobras e as júniores tiveram um desempenho pouco distinto”, afirma Borba.

Hungria destaca que a estatal mostrou um desempenho operacional ainda sólido no período, com menos crescimento do que a PRIO, por exemplo, mas ainda com “bom controle de custos e muita geração de caixa”. Para ele, o ponto é que, falando de Petrobras, não se trata apenas do desempenho operacional, mas também do cenário político, que “tem pesado bastante”.

É a hora e a vez da PRIO?

Além de ter entregado o melhor resultado, a PRIO “quase nunca decepciona operacionalmente, geralmente trazendo surpresas positivas”, diz Borba, da Benndorf.

Apesar disso e de estar no radar das corretoras de investimentos, os analistas afirmam que a ação já está precificada nos patamares atuais. Neste momento, dentre as júniores, a Empiricus e a Benndorf preferem a 3R Petroleum pelo valuation mais atrativo.

Hungria, da Empiricus, afirma que apesar da produção ter sido impactada por alguns problemas, a tendência é que a 3R veja uma normalização das operações já no início de 2023.

Nos próximos trimestres, a adição da produção de Papa-Terra e Potiguar ainda tem potencial para dobrar a produção atual da companhia. Com esse potencial de crescimento e um desconto de cerca de 40% para os pares em termos de EV/Reservas 2P, a 3R é a empresa que os analistas veem maior assimetria.

A tese de Petrobras ainda é forte?

Para a Empiricus Investimentos, investir na Petrobras ainda vale a pena, principalmente por conta dos dividendos.

“A ação está muito barata devido às incertezas relacionadas ao novo governo, mais especificamente com relação à política de precificação de combustíveis”, afirma Hungria.

Segundo ele, o grande medo e risco é que se adote a mesma política do governo Dilma, com congelamento de preços que resulte em grandes prejuízos. Isso também afetaria a distribuição de dividendos, e o novo governo, como maior acionista, vai precisar dos dividendos da Petrobras para financiar os enormes gastos que está planejando.

O analista ressalta que, nos últimos dias, os membros da equipe transição teriam dito que o novo governo não adotará uma postura intervencionista, e que eventuais políticas de subsídio para baixar os preços dos combustíveis seriam financiadas com os dividendos recebidos da própria Petrobras. Tal ato deixaria o governo e os acionistas minoritários mais alinhados.

“Pelos múltiplos atuais, entendemos que a assimetria é convidativa para quem está em busca de bons dividendos e já tem uma carteira diversificada”, reitera Hungria.

A Benndorf acredita que a ação deve subir acima da média da bolsa, mas destaca que as petroleiras júniores devem subir mais. “Entre todas as empresas do setor, Petrobras seria a última escolha por enquanto, dada a relação risco-retorno abaixo das companhias privadas”, diz Borba.

Perspectivas para o setor de óleo e gás no 4T22

Os analistas da Empiricus e da Benndorf afirmam que o cenário deve se manter positivo para o setor de óleo e gás no quarto trimestre de 2022.

Apesar de estar em níveis menores do que no início do ano, o petróleo nos patamares atuais ainda permite boas margens e geração de caixa para as petroleiras.

Além disso, o aumento de produção na maioria das empresas júniores deve compensar em grande parte essa queda no preço médio de venda da commodity.

Hungria ainda destaca que, com as restrições de oferta global por conta da queda dos investimentos no setor nos últimos anos e uma postura da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que tem visado manter o equilíbrio de preços, não há espaço para grandes desvalorizações da commodity.

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Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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