Petrobras precisa de novos poços para não reduzir produção, afirma presidente

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a produção de petróleo na bacia da Foz do Amazonas tem potencial de repor as reservas da empresa nos próximos anos, visto que o pico de produção com os atuais projetos em operação será entre 2030 e 2032 e, depois disso, como a cair.
“Hoje produzimos, em termos de petróleo cru, fora gás, um número da ordem de 3.2 milhões de barris por dia. Nosso pico de produção será em torno de 2030-2032. E depois começa a declinar”, afirmou Chambriard em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta sexta-feira (23).
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A executiva informou que a Petrobrás está prepara para eventuais situações de risco que evolvam a exploração de petróleo em água profundas e a própria experiência da companhia na costa do Rio de Janeiro seria um exemplo disso.
“A área que estamos pretendendo furar fica a 540 quilômetros da ilha do Marajó, que está na foz do rio Amazonas. É duas vezes a distância do pré-sal para a praia de Copacabana. E se a gente confia na Petrobras para perfurar no pré-sal, em frente à Angra dos Reis, à praia de Copacabana, por que não confiar para perfurar no Amapá?”, questiona.
“Entendo o Ibama como uma entidade que atua dentro da técnica, dentro dos regulamentos institucionais. E se a Petrobras, que é a maior empresa do país, não conseguir cumprir as condicionantes, quem é que vai cumprir? É nossa obrigação cumprir as condicionantes”, afirmou em entrevista.
Licença para estudar um poço
Chambriard comentou o fato de a licença ambiental concedida pelo Ibama ter sido para apenas um poço, de que isso é parte do plano de início da exploração de outros lugares na busca pelo petróleo. Ela explica que a programação é de perfurar oito poços, sendo o primeiro já tendo a licença e os outros sete em processo de licenciamento em curso.
“Ninguém explora uma região para furar um poço só. Na Bacia de Campos, até hoje a mais prolífera, a gente furou o primeiro poço, deu seco. Furou o segundo, deu seco. Furou o terceiro, deu seco. A primeira descoberta foi no nono poço”.
A presidente da companhia é direta sobre a necessidade de novas áreas de exploração para a Petrobras continuar em operação.
“A primeira coisa é que não existe futuro para uma empresa de petróleo sem exploração. Quando olhamos a Petrobras e os nossos pares, a gente vê que estamos carentes de novas áreas para explorar”.
Para a Petrobras ter futuro, Chambriard afirma que a empresa está de olho em oportunidades de exploração em água profundas e ultraprofundas, dentro de um plano de negócio que ela afirma ser o diferencial da companhia.
“Nós somos bons [na operação] na margem atlântica brasileira, então podemos ser bons também na margem atlântica africana. É um ponto de interesse pra gente”.
Redução de custos
Magda Chambriard também falhou sobre a necessidade de redução de custos da companhia, que foi anunciada recentemente em virtude dos novos preços do petróleo.
“Essa (necessidade de) redução de custos é óbvia porque saímos, no começo do ano passado, de um Brent a US$ 83 por barril e estamos agora pouco acima de US$ 60 por barril”.
Sobre a Braskem, a executiva afirmou que as questões societárias da empresa precisam ser resolvidas (a Petrobras detém 38% do capital da petroquímica), mas que que não irá estatizar a empresa.
“A Braskem é a sexta maior petroquímica do mundo, já foi a segunda. É um ativo que nos interessa. Mas vamos estatizar a Braskem? Não. Queremos que a Braskem dê certo, seja útil para a sociedade, gere valor para o Brasil, aloque o nosso gás e gere o retorno pretendido. Queremos uma Braskem lucrativa”.