Petroleiras se opõem à fusão Subsea7-Saipem em caso antitruste no Brasil
O órgão antitruste brasileiro Cade pediu mais informações às prestadoras de serviços Subsea7 e Saipem, após grandes petroleiras que atuam no país se oporem a uma fusão das companhias, mostraram documentos públicos vistos pela Reuters.
A nova empresa resultante da proposta de fusão, a ser chamada de Saipem7, teria uma posição forte o suficiente para impor pagamentos adicionais, atrasar projetos e pressionar alguns clientes a firmar contratos de longo prazo com cláusulas de exclusividade, disse o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), em um documento apresentado ao Cade em novembro.
Na sexta-feira, semanas depois de receber o comentário do IBP, que representa petroleiras como Petrobras, Exxon, Shell e TotalEnergies, o Cade solicitou mais dados às duas empresas, dizendo que não tinha informações necessárias para a análise da fusão proposta.
Em declarações separadas à Reuters, tanto a Subsea7 quanto a Saipem disseram que estão engajadas com o Cade e com as autoridades relevantes, em linha com os termos de seu acordo de fusão apresentado em julho.
O IBP não comentou o assunto, enquanto o Cade direcionou a Reuters à documentos públicos.
Se concretizado, o grupo combinado terá uma carteira de pedidos de 43 bilhões de euros (US$ 49,9 bilhões), receita de cerca de 21 bilhões de euros e ganhos básicos de mais de 2 bilhões de euros, disseram as empresas em sua declaração de fusão de julho.
Concorrência
Além do pedido do IBP, a francesa TotalEnergies apresentou um estudo que lista os impactos da fusão. Ela disse que nenhuma medida poderia neutralizar as preocupações com relação ao domínio potencial da Saipem7 em umbilicais submarinos, risers e linhas flexíveis – os chamados projetos SURF. A Exxon Mobil também havia levantado preocupações nessa área.
O processo da TotalEnergies dizia que a Saipem7 controlaria oito do total 12 navios no mundo capazes de executar determinados projetos SURF em águas profundas ou em condições climáticas adversas. Também levantou preocupações sobre o domínio em áreas potenciais de crescimento para empresas de energia, como serviços de descomissionamento e energia eólica offshore.
A TotalEnergies não respondeu a um pedido de comentário.
Durante uma conferência sobre resultados em 20 de novembro, o presidente da Subsea7, John Evans, disse que esperava que a fusão fosse concluída até o segundo semestre de 2026. Evans adicionou que o Cade estava seguindo “os passos que esperávamos que seguisse”.
A análise do Cade foi solicitada pela Exxon, pela Petrobras e pela concorrente TechnipFMC em setembro, com as empresas pedindo para bloquear o negócio ou impor remédios como a venda de ativos para preservar a concorrência no Brasil.
Além de receber comentários do IBP, das grandes empresas e das empresas de serviços de petróleo, os documentos mostram que as autoridades do Cade se reuniram com autoridades dos Estados Unidos, de Moçambique e do Reino Unido – que recentemente aprovou a fusão.