Petróleo

Petróleo caindo: é hora de abandonar o setor?

22 ago 2022, 16:57 - atualizado em 22 ago 2022, 16:57
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Petrobras (PETR4) foi um dos destaques do segundo balanço (Imagem: Reuters/ Sergio Moraes)

O setor petrolífero brilhou na temporada de balanços do segundo trimestre. Brasileiras, como Petrobras (PETR4) e PRIO (PRIO3), e americanas, como Chevron (CVX) e Exxon Mobil (XOM), tiveram êxito em capitalizar com as máximas do barril de petróleo que marcaram os últimos cinco meses.

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Nos EUA, Chevron e Exxon Mobil sustentaram os ganhos não só do índice do setor de energia, do qual compõe 44% do volume negociado, mas também do S&P 500 no segundo trimestre. Somados, os lucros líquidos das duas empresas chegam a US$ 29,1 bilhões, US$ 20,9 bilhões a mais do que o mesmo período do ano passado.

O peso dos lucros das petrolíferas americanas é tão vultoso que, apesar do setor representar somente 4,4% do S&P 500, se ele não estivesse na conta, o crescimento agregado do índice acionário sairia de uma alta de 6,7% para uma queda de 3,7%. O levantamento foi feito pela empresa de serviços financeiros FactSet.

No Brasil, o sucesso recente dos balanços da Petrobras já está bem estabelecido. Somente no último trimestre, a empresa reportou lucro de R$ 54,3 bilhões com rendimento de dividendos para acionistas preferenciais chegando a marca de 21%. No mesmo compasso, a companhia PRIO (PRIO3) também não decepcionou, aumentando em 112% o lucro líquido com relação ao primeiro trimestre do ano.

Efeitos da guerra para o preço do petróleo no retrovisor?

Porém, desde o fim de agosto, o petróleo inverteu bruscamente o rumo das máximas e voltou a ser negociado em preços anteriores à invasão da Ucrânia. A baixa do petróleo já exerce efeitos deflacionários perceptíveis para os consumidores no Brasil e nos EUA, com derivados como gasolina e gás natural voltando para faixas de preço mais comportadas.

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Os motivos para essa virada são muitos: ampliação da produção com a possível entrada do Irã no mercado global, desaceleração econômica na China e perspectivas de uma recessão global motivada por apertos monetários nas economias mais avançadas. Tudo isso contribuiu para a formação de uma ‘tempestade perfeita’ sobre os preços da commodity.

Mas o que as novas mínimas do barril podem significar para acionistas de companhias de petróleo no Brasil e no mundo?

‘Ainda não é hora para abandonar petróleo’

Segundo Matheus Spiess Duarte, especialista em economia pela Empiricus e colunista do Money Times, o momento para sair das empresas do setor ainda não chegou para os investidores. Porém, ele admite que no curto prazo a queda dos preços da commodity possa pressionar os papéis.

“Já no médio prazo, deve haver um horizonte positivo para as empresas do setor, em especial as muito descontadas, como é o caso no Brasil”, diz Spiess.

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Ele argumenta que o Capex (despesas com investimentos em produção) atualmente baixo dessas empresas demonstra margens robustas para crescimento do setor. Isso mesmo diante de um cenário mais apertado para a atividade e para os mercados da commodity.

Outro ponto que conta a favor do setor é a capacidade de melhorar os múltiplos. Desse modo, as petrolíferas conseguem hoje “despejar caixa para seus acionistas, mesmo em cenários macroeconômicos desafiadores”, explica o especialista.

Desafios da transição energética estão aqui

É no longo prazo que as petrolíferas encontram seus maiores desafios. Afinal, é crescente a pressão regulatória sobre a exploração do combustível fóssil.

Já na semana passada, um novo passo foi tomado na direção de estímulo à descarbonização; Desta vez, o movimento veio de Washington.

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O governo dos Estados Unidos anunciou uma taxação de 15% sobre empresas de petróleo cujo faturamento supera US$ 1 bilhão. A medida entra em vigor a partir de 2023.

O anúncio feito pelo presidente Joe Biden já havia sido precificado pelas empresas. Porém, não se pode negar o impacto da medida nas margens para o setor. Nem uma eventual “inflação verde”.

Spiess, da Empiricus, avalia que a falta de investimentos em Capex neste momento é, inclusive, uma reação a este contexto de aprovação de novos marcos legislativos sobre o modelo de exploração tradicionalmente aplicado. Para ele, é possível que as empresas prefiram aguardar decisões mais claras sobre a questão, antes de se movimentar.

As empresas de petróleo têm sido criticadas por não fazerem o suficiente para reduzir emissões no ritmo entendido como necessário para conter a elevação da temperatura global na faixa de 1,5ºC até 2050.

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Além disso, críticos afirmam que os cenários futuros sobre o setor de energia, rotineiramente desenhados aos acionistas das companhias, carecem de transparência e formas de comparação com dados da comunidade científica. Esses pontos põem em xeque as metas preteridas pelo setor.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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