Combustíveis

Petróleo e pandemia, andando juntos, levam incertezas a produtor só de etanol

15 jan 2021, 15:23 - atualizado em 16 jan 2021, 11:20
Etanol
Produtores de etanol estão temerosos com as incertezas sobre o consumo e preços (Imagem: Mateus Pereira/GOVBA)

O recuo do petróleo nesta sexta (15), depois de alta forte da véspera, não deixa o cenário dos combustíveis confortável no Brasil e projeta mais instabilidade na frente. Vive de volatilidade extrema e ainda segue em patamar alto. Enquanto isso, mesmo defasada, a gasolina vem de aumento nas bombas na primeira semana útil do ano.

Como o etanol, que refletia duas semanas seguidas de altas nas indústrias e mais 0,75% nas bombas, no levantamento da ANP.

Na semana passada sofreu o terceiro reajuste semanal dos produtores, de 0,85%, fechando em R$ 2.0639, de acordo com o Cepea/Esalq. O consumo foi ajudado pelo final de ano e a entressafra fez as distribuidoras aceitarem correções.

E nesta deverá haver nova elevação, já que Paulo Strini, do Grupo Triex, viu preços a R$ 2,58 nas fábricas de Ribeirão Preto. Para a gasolina, o trader acredita em até R$ 0,30/litro de diferença para menor em relação ao mercado internacional.

Mas o futuro ao petróleo e à pandemia pertencem.

Há pouco mais de dois meses para a abertura da safra de cana no Centro-Sul, embora haja notícias de que algumas unidades devem abrir as operações ainda em março, há o temor de que a “bagunça atual comprometa o planejamento e o início da produção”. Vai ter demanda? Vão ter preços competitivos?

Na condição de anonimato ao Money Times, o produtor médio do Noroeste paulista, alcooleiro há várias safras, diz ter pouca mobilidade para virar a chave imediatamente para o açúcar, se fosse o caso, embora tenha uma unidade moderna.

Em 2020 já tomou prejuízo com a queda brusca do consumo que veio com a pandemia, após meses de restrições, e os ganhos dos últimos dois meses de 2020 nem “arranharam o meu caixa”.

Assim como outros empresários com quem tem conversado, ele não acredita que haverá mudanças significativas no cenário global e brasileiro no curto prazo. Ante a absoluta escuridão na qual se encontram as previsões, hora animadas por vacinação, hora desaminadas pelo aumento do contágio e os avisos que os efeitos da imunização demorarão, fora os atrasos como o brasileiro, ao usineiro paulista não resta outra alternativa a não ser esperar.

O petróleo ontem subiu 0,64% em Londres, fechando em quase US$ 56,50, por conta do pacote trilionário de ajuda anunciada pelo presidente eleito americano Joe Biden e previsão de alta de demanda global vista pela Opep este ano, acompanhada do anúncio de que pode segurar a produção porque a alta do consumo estaria ainda muito aquém.

E os lockdowns e a aceleração da covid na Inglaterra, França, Alemanha e Itália, entre outros no continente, além do parcial em regiões chinesas – que já importou menos 18% em dezembro -, que foram ignorados na quinta, fecham a semana nos preços em baixa de quase 2,50%, a US$ 55 o barril do tipo Brent.

“Embora o mercado tenha lá sua instabilidade natural, está impossível eu me planejar minimamente, porque não tenho gastos só com a moagem e preciso ter um pouco de clareza dos resultados financeiros para suprir outras necessidades”, lamenta o produtor, acrescentando que os resultados de 2020 não ajudaram com sobra alguma.

Ele tem cana própria e as lavouras que seguem para meio, fim de safra e as de 2022 precisam de cuidados, entre outros exemplos que ele menciona, como investimentos na unidade de cogeração de energia e renovação de parte da frota, como tinha programado para os primeiros seis meses da safra.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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