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P&G: crescimento das vendas em foco após ações atingirem máxima histórica

22 jan 2020, 11:36 - atualizado em 22 jan 2020, 11:39
P&G
As ações da Procter & Gamble (PG), líder mundial em produtos básicos de consumo, tiveram um excelente 2019 (Imagem: Instagran/P&G)

As ações da Procter & Gamble (PG), líder mundial em produtos básicos de consumo, tiveram um excelente 2019. Os investidores fizeram o papel disparar até a máxima histórica após cinco trimestres consecutivos de crescimento explosivo, alimentando fortes expectativas para este ano.

Tudo indica que essa boa fase da empresa deve continuar, quando a fabricante das fraldas Pampers e dos barbeadores Gillette divulgar seus resultados para o 2T fiscal de 2020 amanhã pela manhã. Em média, os analistas esperam um lucro por ação de US$ 1,37 sobre vendas de US$ 18,42 bilhões.

Na expectativa de outro trimestre espetacular, as ações da maior fabricante mundial de produtos domésticos atingiram outra máxima histórica na sexta-feira, a US$ 127. O papel fechou o pregão de ontem cotado a US$ 126,09, uma alta de 38% em relação ao ano passado.

P&G Gráfico Semanal

Nos últimos dois anos, a P&G, cujas marcas de produtos domésticos incluem diversos nomes internacionais, como o detergente Dawn, os papéis-toalha Bounty e a pasta de dentes Crest, vem aumento consistentemente suas vendas, graças à sua inovação, marketing e estrutura organizacional simplificada.

Em outubro, a companhia divulgou que as vendas orgânicas, que excluem fatores como aquisições e flutuações cambiais, aumentaram 7% no primeiro trimestre fiscal, mostrando que está a todo vapor, após ter apresentado o mais rápido crescimento em vendas orgânicas em mais de uma década no trimestre anterior.

Mas o ritmo de crescimento que a P&G está apresentando não é comum para uma companhia que fabrica produtos de consumo para o dia a dia, em categorias onde a concorrência é intensa e as margens são baixas. Para uma empresa gigante no setor de consumo como a P&G, não seria justo sempre esperar trimestres espetaculares.

Durante o mesmo período, a Kimberly-Clark (KMB), fabricante de produtos como Huggies e Kleenex, registrou um crescimento de 4% em vendas orgânicas, ao passo que a Reckitt Benckiser (RB), fabricante britânica de produtos como o desinfetante Lysol e o detergente Woolite, apurou um crescimento orgânico decepcionante de apenas 1,6%.

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Valuation muito alto?

Essas preocupações fizeram com que alguns investidores questionassem o valuation muito alto da P&G e sua capacidade de subir ainda mais, após um rali tão rápido e poderoso.

Atualmente, os papéis da P&G são negociados a 24 vezes seu lucro prospectivo, em comparação com a média de cinco anos em torno de 20. Na última década, a ação nunca apresentou um múltiplo tão elevado quanto esse.

Esses receios podem dar margem a investidores de curto prazo, mas acreditamos que medir o desempenho das ações da P&G com base nessas métricas não é capaz de mostrar um quadro verdadeiro do potencial crescimento da companhia.

O que está impulsionando os ganhos do papel é o sucesso da empresa em executar sua estratégia de recuperação diante da mudança nas necessidades de consumo, bem como em se colocar bem à frente dos concorrentes.

Sob a gestão do CEO David Taylor, a P&G reduziu seu portfólio de marcas de 175 para 65, focando nas 10 categorias com maior margem. Ao longo desse processo, a companhia também eliminou 34.000 postos de trabalho através da combinação de vendas de marcas, programas de demissão e fechamento de fábricas, reduzindo mais de US$ 10 bilhões em custos.

Essas medidas claramente estão ajudando a empresa a buscar preços mais altos para seus produtos, apesar de um ambiente inflacionário benigno. A P&G começou a implementar aumentos graduais de preços em meados do ano passado, depois de tentar reativar o crescimento fazendo o oposto.

A mudança na estratégia de preços será concluída em fevereiro, o que pode levar a aumentos entre 4% e 10% nos produtos, incluindo as marcas como Pampers, Bounty, Charmin e Puffs.

Resumo

As ações da P&G continuam sendo nossa escolha favorita entre as empresas de produtos de consumo embalados. A empresa é uma das maiores pagadoras de dividendos dos EUA, distribuindo um dividendo anual de US$ 2,98 por ação, para um yield de 2,36%, um histórico difícil de bater.

A fabricante das fraldas Pampers elevou seus proventos por 62 anos consecutivos. Agora que o crescimento voltou, os investidores podem esperar mais elevações de dividendos. Vemos poucas razões para abandonar essa gigante do consumo, mesmo que suas ações passam por alguma correção.

haris.anwar@moneytimes.com.br