PGR pede que Bolsonaro seja condenado por tentativa de golpe de Estado; pena pode chegar a 43 anos

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta segunda-feira (14), um pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete investigados por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.
O documento foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes e integra a fase final do processo, anterior ao julgamento, previsto para ocorrer em setembro.
Com a entrega da manifestação da PGR, começa o prazo de 15 dias para que Mauro Cid envie suas alegações finais. Depois disso, os demais acusados também terão o mesmo período para se manifestar.
Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, os acusados devem ser responsabilizados por cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Somadas, as penas previstas chegam a 43 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, a PGR solicita a condenação de:
- Walter Braga Netto – general da reserva e ex-ministro da Defesa;
- Augusto Heleno – general da reserva e ex-chefe do GSI;
- Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin e deputado federal;
- Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF;
- Almir Garnier – almirante da reserva e ex-comandante da Marinha;
- Paulo Sérgio Nogueira – general da reserva e ex-ministro da Defesa;
- Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e colaborador da investigação.
Por ter firmado acordo de delação premiada com a Polícia Federal, Cid deve ter eventual pena suspensa.
Envolvimento de Bolsonaro
No parecer, Gonet sustenta que Bolsonaro liderou um esquema para subverter o regime democrático, articulando ações com apoio de militares e integrantes do governo. A acusação aponta o ex-presidente como o principal beneficiário e coordenador da ofensiva contra o resultado das eleições de 2022.
De acordo com a PGR, ele teria se valido de estruturas do Estado para atacar instituições e disseminar desinformação com o objetivo de desestabilizar o país.
Horas antes da divulgação do parecer, Bolsonaro publicou uma mensagem nas redes sociais afirmando que “o sistema” tenta destruí-lo para atingir os cidadãos. “Querem me eliminar fisicamente, como já tentaram, para depois atacar você, sua liberdade e sua forma de pensar”, escreveu no X (ex-Twitter).
A repercussão internacional do processo também ganhou destaque com as recentes declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que criticou a condução do caso e anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Trump classificou a investigação contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas”.