PIB do Brasil no 2T25 deve confirmar desaceleração; mercado de trabalho nos EUA vai influenciar tom usado pelo Fed

Projeções para os indicadores econômicos mais relevantes da semana entre 1º e 5 de setembro, com análise do economista André Galhardo.
PIB do segundo trimestre deverá confirmar uma forte desaceleração da economia brasileira
Ainda que parte desse movimento seja consistente com o padrão sazonal observado no período, em especial pela menor contribuição da agropecuária, a leitura de 2025 assume caráter distinto ao refletir, de forma mais evidente, os efeitos defasados da política monetária contracionista sobre a atividade doméstica. Nesse contexto, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) tende a ganhar relevância adicional no processo decisório do Banco Central. Com sinais mais claros de perda de dinamismo econômico e riscos inflacionários menos presentes, cresce a probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) revisar sua estratégia e preparar o terreno para a abertura de um ciclo de afrouxamento monetário. Apesar da ressalva feita pelo presidente da autoridade de que “o Copom não pode se mover com base em indicadores pontuais”, após a deflação captada pelo IPCA-15, o cenário atual sugere que uma primeira redução da Selic já na reunião de dezembro não pode ser descartada. O PIB do segundo trimestre de 2025 será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (2).
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Semana reserva também a leitura da produção industrial de julho, importante termômetro acompanhado pelo Copom
O desempenho da indústria fornecerá indícios relevantes sobre a extensão e a intensidade do atual processo de desaceleração da economia. No ano passado, a perda de tração observada entre o segundo e o terceiro trimestres foi rapidamente revertida, dando lugar a uma nova fase de aceleração do crescimento. A dúvida do Banco Central, neste momento, é se tal reversão poderá se repetir no atual ciclo. O contexto, contudo, é distinto: a taxa Selic permanece em 15% ao ano, o endividamento das famílias e empresas segue elevado e os indicadores de confiança de empresários e consumidores registraram deterioração significativa. Esses elementos reduzem a probabilidade de uma retomada rápida como a observada em 2024. Ainda assim, projetamos crescimento na produção industrial na passagem de junho para julho. A produção industrial de julho terá seus números divulgados pelo IBGE na próxima quarta-feira (3).
Resultado da balança comercial de agosto terá papel central para avaliar a trajetória recente do balanço de pagamentos
Após a conta corrente registrar déficit superior a US$ 7 bilhões, o maior para o mês de agosto desde 2019, o tema passou a ocupar maior atenção tanto do Banco Central quanto do mercado financeiro. Ainda que os riscos no curto prazo sejam moderados, chama a atenção o crescente descasamento entre os déficits em transações correntes e o volume de investimentos diretos no país, tradicionalmente responsáveis pelo seu financiamento. Esse descompasso não representa, por ora, uma ameaça imediata à estabilidade externa, mas será um indicador-chave a ser monitorado nos próximos meses. Nossa projeção é de que a Secex reporte superávit comercial em torno de US$6 bilhões em agosto. Os dados da balança comercial saem na próxima quinta-feira (4).
Dados preliminares de inflação na Zona do Euro devem apontar para estabilidade, com viés levemente desinflacionário em agosto
França e Itália, segunda e terceira maiores economias da Zona do Euro, reportaram variações abaixo das expectativas do mercado, reforçando a tendência de moderação. Na Espanha, o movimento foi semelhante, enquanto a Alemanha surpreendeu positivamente, com alta marginal de 0,1%. No agregado, a inflação anualizada deve permanecer próxima de 2%, patamar considerado compatível com a meta do Banco Central Europeu. Esse cenário aumenta a probabilidade de um novo corte de juros na próxima reunião, medida que poderia atenuar a valorização recente do euro frente ao dólar. Ao reduzir pressões cambiais, o BCE buscaria preservar a competitividade dos produtos europeus no comércio internacional, em um momento de demanda global mais incerta. A inflação ao consumidor na Europa sai nesta terça-feira (2).
O mercado de trabalho norte-americano será determinante para calibrar o tom do Federal Reserve em setembro
Embora o corte de juros esteja amplamente precificado, a trajetória da inflação ainda exige cautela. A alta inesperada do índice de preços ao produtor em julho acendeu um sinal de alerta, sugerindo que as tarifas comerciais podem alimentar pressões inflacionárias persistentes, dificultando a convergência ao alvo de 2%. Por outro lado, o mandato duplo do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) impõe resposta diante de sinais crescentes de enfraquecimento do mercado de trabalho. Nesse sentido, os próximos dados, da pesquisa JOLTs de julho, que saem na quarta-feira (3) e, sobretudo, do payroll de agosto, na sexta-feira (5), terão peso decisivo. Leituras mais robustas podem levar o Comitê a combinar um corte marginal da taxa com uma comunicação mais dura, de modo a sinalizar que a flexibilização monetária ocorrerá de forma muito mais gradual do que as atuais projeções indicam.
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