Pix é ameaça? ‘Entrega tudo aquilo que sempre prometemos’, diz CEO do Mastercard

Quando o Pix surgiu, em 2020, havia o temor de que o meio de pagamento, considerado uma referência em qualidade e rapidez, sepultaria os cartões de crédito.
Passados cinco anos, as operadoras continuam lançando novos produtos. Mais do que uma ameaça, o Pix virou um aliado, nas palavras do CEO da Mastercard Brasil, Marcelo Tangioni.
Isso porque Tangioni vê o método de pagamento como uma forma de inserir mais brasileiros no sistema financeiro.
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“O Pix entrega tudo aquilo que nós sempre prometemos. O Banco Central existe há 58 anos. Todos os benefícios que falávamos sobre migrar o dinheiro para o eletrônico, o Pix entrega”, disse após questionamento do Money Times em entrevista com jornalistas.
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De acordo com Tangioni, se a barreira em 2013 era falar de inclusão financeira, hoje o grande desafio é falar de educação financeira.
“Até o lançamento do Pix, em 2020, saímos de 140 para 170 milhões. Essa abertura de mercado e o surgimento das fintechs já tinham começado a promover essa inclusão financeira. Quando o Pix chegou — e, infelizmente, veio junto a pandemia — esse movimento acelerou ainda mais. Saímos de 170 para 190 milhões hoje.”
O CEO cita uma pesquisa interna que analisou o comportamento de 2 milhões de clientes incluídos financeiramente pela primeira vez — e os resultados chamam atenção.
No início, essas pessoas usavam principalmente o Pix, tanto para receber quanto para enviar dinheiro.
Com o tempo, porém, o padrão mudou: depois de um ano, 40% desses novos clientes já utilizavam o cartão. No segundo ano, a proporção subiu para 60%.
“O Pix é um produto que ajuda a tirar o consumidor do papel-moeda e trazê-lo para o meio eletrônico. Agora, quem recebe o cartão — porque ganha um limite de crédito — também pode usar o cartão. Ele concorre, mas também realimenta o nosso negócio.”
Mastercard: Papel do Brasil
Já o Brasil tem sido estratégico para a Mastercard, maior operadora de cartões do mundo.
Na última segunda-feira, a empresa lançou o seu cartão ultraexclusivo, sendo o primeiro mercado latino-americano a recebê-lo e o segundo no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Entre mais de 200 países, o Brasil é o terceiro maior mercado da Mastercard, ficando atrás apenas dos EUA e do Reino Unido.
“Eu brinco com o meu concorrente interno: ele só é segundo porque junta mais de um país. Ele criou lá o Reino Unido, se posiciona como Reino Unido. Se a gente fosse comparar só com a Inglaterra, já seríamos o segundo colocado, com uma certa vantagem”, afirma Tangioni.
Brincadeiras à parte, o Brasil ainda tem muito espaço para crescer, diz o executivo.
“Existem outros segmentos que nós entendemos — como, por exemplo, o de pequenas e médias empresas — que estão crescendo a uma velocidade gigantesca.”
A companhia também aposta em um novo segmento: o de pagamentos entre empresas (B2B).
A expectativa é que as soluções lançadas ao longo deste ano tragam vantagens competitivas capazes de disputar espaço com o boleto bancário, ainda dominante nas transações corporativas.