Vagas de emprego

Polêmica do Scherbi’s não é a única: Anúncios de vagas chamam a atenção com escala 7×0, trabalho de ‘ama de leite’ e salário de R$ 5

12 nov 2025, 9:10 - atualizado em 11 nov 2025, 17:38
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Vaga controversa para auxiliar de cozinha na confeitaria de Isa Scherer, campeã do Masterchef, gera debate sobre outras oportunidades de emprego divulgadas online. (Imagem: Reprodução/Instagram)

Quem nunca navegou em sites como LinkedIn, Vagas.com, Gupy e se deparou com alguma oferta de emprego que tinha muitas exigências, remuneração abaixo da média e falta de benefícios? Embora infelizmente essa seja uma situação frequente no mercado de trabalho, de vez em quando algum anúncio ganha grande repercussão.

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Um exemplo que “quebrou o padrão” recentemente foi uma vaga de auxiliar de cozinha na confeitaria Scherbi’s, da chef Isa Scherer, vencedora do Masterchef Brasil 2021.

O anúncio foi divulgado em maio, mas atraiu atenção na internet nas últimas semanas e recebeu críticas nas redes sociais. Tratava-se de um emprego no regime CLT, com expediente das 14h às 22h – sem descanso nos fins de semana e feriados – e salário de R$ 1.800 por mês.

A descrição da vaga recebeu uma enxurrada de críticas na internet, alegando que o salário oferecido é insuficiente para viver em São Paulo, considerada a cidade mais cara do Brasil.

Outra crítica veio do padrão de vida da chef. Além de atuar na culinária, Isa Scherer cria conteúdo como influenciadora digital e foi questionada sobre os locais que frequenta, marcas de roupas usadas e os benefícios oferecidos aos colaboradores do Scherbi’s.

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O restaurante se manifestou após a controvérsia, garantindo cumprir integralmente a legislação trabalhista, além dos direitos previstos na CLT e em acordos coletivos.

Desde julho, os salários mínimos para o setor de bares e restaurantes em São Paulo são:

  • Piso Especial: R$ 1.804,00
  • Piso Diferenciado: R$ 2.070,51
  • Piso Normal: R$ 2.360,06

No entanto, a vaga foi anunciada em maio, antes da revisão desses valores. Além disso, a classificação em cada piso salarial depende dos benefícios oferecidos pela empresa empregadora. Para enquadrar-se no piso mais baixo, é necessário conceder outras vantagens aos funcionários, como plano médico e odontológico, seguro de vida e vale refeição/alimentação, por exemplo.

Polêmica à parte, o caso da confeitaria da Isa Scherer não é o único que chama a atenção entre vagas um tanto incomuns – e, muitas vezes, problemáticas.

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Em uma análise de sites de emprego e relatos nas redes sociais, muitos anúncios de trabalho são quase absurdos, com propostas que englobam baixos salários, ausência de benefícios e atribuições exageradas.

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Vagas que desrespeitam leis trabalhistas e beiram o absurdo

Algumas ofertas publicadas online parecem cômicas se não fossem tristes. Diversos profissionais do ramo gastronômico, por exemplo, publicaram relatos nas redes após o caso da confeitaria Scherbi’s, ressaltando que o cenário no setor é difícil.

Folga? Para quê?

Um restaurante estava buscando alguém para a função de garçonete:

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Fonte: ICL Notícias

Esse anúncio viola diferentes aspectos da legislação trabalhista brasileira. Para começar, a jornada seria de 12 horas diárias, durante toda a semana, com uma folga a cada quinze dias, que não pode ser aos sábados ou domingos.

A CLT determina que o máximo semanal permitido é 44 horas, conforme o art. 58. A regra permite até duas horas extras por dia, desde que pagas com acréscimo mínimo de 50% em dias úteis e 100% em domingos e feriados.

Outro ponto que descumpre a lei é o registro em carteira após o período de experiência. O art. 29 da CLT exige que o empregador formalize o funcionário em no máximo cinco dias úteis após a admissão.

Pagamento que não cobre um pastel

Quando a vaga foge do regime de carteira assinada, a situação tende a ser ainda mais preocupante. Veja um anúncio para edição de vídeos que seriam publicados no YouTube:

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Fonte: Reprodução

O valor pago por cada edição – trabalho que costuma levar horas – surpreende: apenas R$ 5. Essa vaga freelancer foi compartilhada em um fórum da internet e os comentários são divertidos. Uma reação foi: “não paga nem a luz gasta para processar o vídeo”. Outra pessoa comentou: “não cobre nem a massa do pastel”.

Por ser trabalho autônomo, não há piso salarial, e os valores são ajustados entre contratante e prestador. A título de exemplo, os preços comuns para edição de vídeo giram em torno de pelo menos R$ 150, conforme a agência de marketing digital DUNA.

Babá ‘ama de leite’

A remuneração costuma ser um problema frequente. Veja um anúncio para babá:

Fonte: ICL Notícias

Esse é mais um caso que infringe várias normas trabalhistas. O anúncio não menciona o registro em carteira, obrigatório já que a profissional teria jornada fixa, conforme art. 29 da CLT.

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Além disso, o salário oferecido não alcança o mínimo legal de R$ 1.518 e não contempla benefícios.

Outra questão delicada é a exigência de que a babá tenha sido mãe recentemente, o que viola o direito à licença-maternidade. Há também um abuso ético na vaga: a babá teria que amamentar a criança, prática abusiva e sem respaldo legal.

Um panorama do mercado de trabalho no país

Casos similares aos citados não são isolados: refletem um mercado que ainda convive com informalidade e baixos salários.

Dados deste ano do IBGE mostram que quase 32% dos trabalhadores brasileiros atuam sem carteira assinada e mais de um terço recebe até um salário-mínimo.

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Os anúncios que viralizam chamam a atenção para um problema estrutural: a discrepância entre o que a legislação trabalhista prevê e as reais condições de grande parte dos funcionários no país.

Informações obtidas do G1 e ICL Notícias.

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