Política monetária começa a desacelerar economia brasileira, e corte de juros nos EUA é fonte de incertezas

Comentários e projeções feitas pelo economista André Galhardo sobre os principais indicadores econômicos da semana no Brasil e no mundo.
O resultado do IGP-10 de agosto deve marcar o encerramento do ciclo de deflação observado nos preços ao produtor no Brasil
Após um período de acentuada retração, que culminou em uma das maiores quedas mensais em quase oito décadas, os indicadores de agosto tendem a sinalizar uma inflexão na tendência. A recente, e já revertida, desvalorização cambial, somada à elevação das cotações de algumas commodities diante da nova prorrogação da suspensão das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos chineses, conferiu fôlego adicional aos preços no atacado. Ainda que o movimento de deflação tenha perdido força, parte desse ajuste deverá ser repassada gradualmente ao consumidor nos próximos meses. O IGP-10 de agosto, divulgado nesta segunda-feira (18), registrou alta de 0,16%, interrompendo uma sequência de quatro quedas mensais consecutivas. Nossa projeção era de avanço de 0,25% em relação a julho.
IBC-Br avança no segundo trimestre mas tem queda em junho, o que confirma tendência de desaceleração
O desempenho mais fraco do varejo foi compensado pela renovação da máxima histórica no setor de serviços, pelo avanço marginal da produção industrial e pela resiliência do mercado de trabalho, fatores que sustentam a atividade medida pelo IBC-Br no fechamento do segundo trimestre. Mantemos a avaliação de que a economia brasileira segue em trajetória de desaceleração, em linha com os efeitos defasados da política monetária restritiva. A divulgação dos próximos indicadores será fundamental para calibrar as expectativas quanto à intensidade e à duração desse processo.
A ata do FOMC deve incorporar a surpresa inflacionária vinda dos preços ao produtor
O mercado mantém a expectativa de que o Federal Reserve inicie o ciclo de cortes de juros em setembro, mas a incerteza agora recai sobre a intensidade do ajuste. Antes da divulgação do PPI de julho, parte dos investidores precificava uma redução de 0,50%. Contudo, a alta de 0,9% no índice, bem acima da projeção de 0,2%, reduziu significativamente essa probabilidade. O núcleo do PPI avançou 0,6%, registrando a maior variação mensal em mais de três anos. O resultado pode ter levado a autoridade monetária e o mercado a reavaliar se há risco de um repasse mais intenso aos preços ao consumidor no horizonte de 2025. A ata será divulgada na próxima quarta-feira (20)
Banco Central da China pode recorrer a novos cortes de juros diante da divulgação de indicadores mais fracos de atividade
Embora a economia chinesa mantenha trajetória de crescimento, os resultados recentes evidenciam dois pontos centrais: primeiro, que parte relevante dessa expansão decorre do impulso proporcionado por medidas fiscais e monetárias implementadas com maior intensidade nos últimos meses; segundo, que, mesmo com esse suporte, o desempenho da China segue aquém das metas traçadas pelas autoridades. Não se trata de uma crise nem de uma desaceleração acentuada, mas de um crescimento abaixo do potencial desejado, refletido, entre outros sinais, nas taxas de inflação persistentemente baixas observadas no país. O Banco do Povo, banco central chinês, divulga a decisão sobre juros na noite desta terça-feira (19), no horário de Brasília.
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