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Por que Casas Bahia (BHIA3) tem dia decisivo hoje — e que pode ser letal, segundo Genial

03 out 2023, 5:00 - atualizado em 02 out 2023, 20:43
Casas Bahia
(Imagem: Reprodução/ Facebook Casas Bahia)

A Casas Bahia (BHIA3), antiga Via, tem dia decisivo nesta terça-feira (2). Está marcado para ocorrer a reunião com credores para discutir a situação da 20ª Emissão de CRI (Certificado de Recebível Imobiliário).

No dia 12 de setembro, a S&P cortou a nota da vigésima emissão de CRIs da Opea Securitizadora, que são lastreados na oitava emissão de debêntures do grupo. A nota foi revisada de “brAA-” para “brA-“.

O fato abriu gatilho para que os titulares dos CRI possam antecipar os vencimentos, o que, pelos cálculos dos analistas, poderia ‘morder’ o caixa da companhia em milhões de reais.

De acordo com a Genial, como resultado das séries de eventos, desde a divulgação do resultado do 2º trimestre de 2023, as ações de Casas Bahia acumulam mais de 63% de queda (janela de 10/ago até 28/set). No ano, BHIA3 (ex VIIA3) perdeu mais de 70% de valor de mercado.

“O evento de hoje será crucial para definir a saúde financeira de Casas Bahia a partir daqui. Para a proposta se tornar válida, a assembleia deve ter um quórum mínimo de 25%. Preenchendo este pré-requisito, vence a proposta mais votada pela maioria simples presente”, discorre.

Dois cenário para a Casas Bahia

Credores solicitam antecipação da dívida

A Genial traçou dois cenários para a companhia. O primeiro seria os credores aprovarem a antecipação da dívida.

Com um valor superior a R$ 30 milhões, o pedido de antecipação do CRI poderia acionar a cláusula de antecipação de outras debêntures – o qual totalizaria um montante de aproximadamente R$ 3,2 bilhões os quais poderiam ser antecipados de forma imediata.

Em dados consolidados no segundo trimestre, a companhia mantinha R$ 874 milhões em caixa e equivalentes e R$ 4,9 bilhões em contas a receber – sendo R$ 4,4 bilhões a receber nos próximos 12 meses.

“Mesmo diante da captação de R$ 622 milhões do follow on (captação abaixo do R$ 981 milhões esperado anteriormente – exc. subscrição), a antecipação das dívidas comprometeria as atividades da Casas Bahia, uma vez que a companhia não suportaria financiar o capital de giro para manter as suas operações ao longo dos próximos trimestres”, discorre.

Para a Genial, este configuraria o pior dos cenários – mas com menor probabilidade de acontecer.

A falta de acordo entre os credores e a companhia seria letal para a Casas Bahia, culminando em um efeito dominó que poderia levar a companhia a realizar o pedido de recuperação judicial, coloca.

Credores aceitam renegociar a dívida

Para a Genial, com a maior concentração dos CRIs em bancos parceiros, existe a intenção em renegociar os termos da dívida – afinal, ninguém estaria interessado no cross-aceleration que a antecipação poderia culminar.

“A renegociação da dívida é o caminho mais benéfico para ambas as partes e, portanto, com a maior probabilidade de acontecer”, explica.

Para não antecipar o pagamento de CRI, e culminar em uma ‘asfixia’ da companhia, com o vencimento antecipado de outras dívidas, a Casas Bahia deve renegociar o pagamento.

Em termos práticos, diz a Genial, isso implicaria em um aumento do spread de remuneração do CRI e, adicionalmente, o pagamento de um prêmio sobre o Valor Nominal Unitário da dívida.

“Neste cenário, o impacto de despesas financeiras se torna maior do que o projetado anteriormente, contudo, a Casas Bahia consegue um alívio no curto prazo, de maneira a encaminhar o seu plano de reestruturação de volta aos eixos”, coloca.

Fontes próximas da varejista não veem a antecipação da dívida se concretizando – seria necessário a aprovação em assembleia com titulares dos CRIs. A empresa está em período de silêncio e não comenta o assunto.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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