Não invista sem antes saber disso

No ambiente financeiro, a gestão de risco permanece como um dos pilares fundamentais para a sustentabilidade de qualquer estratégia de investimento.
Neste artigo, uso como exemplo a prática de operar vendido em ativos que, embora legítima, carrega uma assimetria estrutural: o potencial de perda é ilimitado, enquanto o ganho é limitado à desvalorização total do ativo.
Essa característica exige atenção especial à diversificação e à moderação na convicção das teses de investimento.
Riscos da concentração em posições vendidas
A concentração excessiva em posições vendidas representa uma vulnerabilidade significativa.
O mercado pode demorar a reconhecer os fundamentos negativos de uma empresa, ou sequer fazê-lo, o que expõe o portfólio a movimentos adversos prolongados. A recomendação implícita é clara: evitar convicções absolutas e manter a flexibilidade analítica diante de cenários incertos.
A simetria entre estratégias compradas e vendidas também merece destaque. Ambas exigem rigor metodológico, disciplina e controle emocional.
A geração de retorno consistente está associada à capacidade de errar menos do que se acerta, e de limitar as perdas quando os erros ocorrem.
Essa abordagem favorece a acumulação gradual de capital, permitindo que os efeitos dos juros compostos se manifestem ao longo do tempo.
A percepção de risco por parte dos investidores, no entanto, nem sempre acompanha essa lógica.
Há uma tendência cognitiva de superestimar o retorno potencial e subestimar os riscos envolvidos, especialmente em estratégias de alta volatilidade.
Essa distorção pode levar à escolha de fundos e gestores com histórico de performance explosiva, sem considerar a sustentabilidade desses resultados.
Lições do histórico de fundos encerrados
A trajetória de diversos fundos encerrados ao longo dos anos evidencia os riscos dessa abordagem.
A exposição a ativos voláteis e a apostas concentradas, muitas vezes motivadas por excesso de confiança, resultou em perdas significativas e na inviabilidade operacional de diversas gestoras.
O histórico mostra que a sobrevivência no mercado está mais associada à disciplina e à gestão prudente do que à busca por retornos excepcionais.
A escolha de gestores por parte dos investidores deveria considerar, prioritariamente, a capacidade de avaliar riscos antes de projetar retornos.
A preferência por estratégias que priorizam a preservação de capital tende a oferecer maior estabilidade no longo prazo.
A volatilidade, embora possa gerar ganhos expressivos em determinados momentos, também carrega o potencial de perdas abruptas.
O fenômeno estatístico de retorno à média reforça essa lógica.
Ativos e estratégias que se afastam dos fundamentos tendem, com o tempo, a convergir para valores mais equilibrados.
Essa força estatística atua como um mecanismo de correção, penalizando excessos e recompensando abordagens consistentes.
A gestão de investimentos, portanto, exige mais do que capacidade analítica. Requer disciplina, controle emocional e foco na preservação de capital.
A valorização de estratégias sustentáveis, que erram pouco e acumulam ganhos gradualmente, representa uma alternativa mais resiliente em um mercado marcado por incertezas e ciclos.
A reflexão sobre risco, volatilidade e retorno à média contribui para a construção de uma cultura de investimento mais consciente.
Em vez de buscar retornos imediatos, o investidor que prioriza a consistência e a gestão prudente tende a construir uma trajetória mais sólida e duradoura.