Coluna do Hsia Hua Sheng

Por que exportar para a China pode ser um bom negócio para as empresas brasileiras

02 ago 2023, 18:31 - atualizado em 02 ago 2023, 18:31
Brasil, China, Política, BNDES
Em novembro, Xangai recebe a 2023 China International Import Expo (CIIE 2023), a maior feira de importação da China. (Imagem: REUTERS/Tingshu Wang/Pool)

Entre os dias 04 e 09 de novembro, acontece, em Xangai, a 2023 China International Import Expo (CIIE 2023), a maior feira de importação da China.

O evento é uma oportunidade interessante e eficiente para todos os tamanhos de empresas brasileiras que querem exportar para o país asiático, aumentar sua participação na cadeia de suprimento global – principalmente entre os grandes mercados emergentes – e promover a reindustrialização do Brasil.

Mesmo para as maiores empresas multinacionais brasileiras que já participaram das edições anteriores de CIIE, este ano pode ser diferente. As empresas, principalmente nas áreas de commodities (petróleos, mineração, agro, proteína animal, papel e celulose, entre outras) estão em um momento especial buscando novos objetivos de exportações.

Elas já são reconhecidas internacionalmente e se consolidaram como fornecedores líderes globais. Mas, ainda sofrem significativamente com oscilação de preços internacionais de commodities básicos. Por exemplo, recentemente as ações das empresas como JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) tiveram quedas significativas com as perdas de preços internacionais de commodities.

Essas empresas brasileiras de commodities, agora, querem se posicionar como grande potencias internacionais em bioeconomia e agregar mais valores nos seus produtos exportados e reduzir exposição de seus faturamentos e geração de caixas aos preços internacionais de commodities.

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Oportunidades na CIIE 2023

Diferente das edições anteriores, quando focavam mais na exportação a qualquer custo, as empresas podem explorar diferentes dimensões de negócios na CIIE 2023. Confira:

  1. Venda direta
    A companhia pode fazer venda direta para grandes redes de suprimento provincial na China.
    Dessa forma, é possível ampliar sua cadeia de fornecimento diretamente para distribuidor de grande províncias e cidades chinesas, sem precisar concentrar a exportação em uma ou poucas empresas de tradings no porto.
    Devido ao tamanho da população chinesa, depender de uma província ou cidade, significa que o mercado de interno de consumo local equivale o consumo de um país. Além disso, o transporte interno do porto até o centro de distribuição é eficiente e de baixo custo, o que pode contribuir para margem de lucros das exportadoras.
  2. Produtos e serviços customizados
    É possível fornecer produtos ou serviços customizados para cada região; um joint venture entre empresas brasileiras e distribuidoras chinesas locais maximizaria essa customização.
    Cada província tem uma cultural e costume particular de consumo. Por exemplo, enquanto algumas regiões gostam de comidas mais leves sem muito condimento, outras preferem alimentos mais apimentados ou salgados.
    As distribuidoras conseguem identificar essas tendências e fazer a distribuição de grandes volumes diretamente para as redes e supermercados locais.
  3. Energia limpa
    As empresas brasileiras podem identificar províncias com os setores industriais que mais precisam de apoio de energia limpa de hidrogênio verde.
    Conforme especialistas da economia verde, um dos grandes motores da reindustrialização brasileira é o hidrogênio verde. Ou seja, o Brasil pode se tornar o maior fornecedor global do chamado H2V, uma vez que o país domina a tecnologia.
    O Brasil também possui vantagem competitiva com as melhores regiões do planeta (onshore e offshore) para geração de energia solar e eólica de forma barata e eficiente. Diante da tendência de maior conscientização sobre mudança climática, o hidrogênio verde se torna uma importante tecnologia de combustível primário e limpo para ajudar reduzir significativamente a emissão de carbono em setores como cimento e siderurgia.
  4. Contatos
    A feira também é uma oportunidade para avançar com parcerias. A customização local pode exigir mais especificidade de produtos e de serviços, sendo que nem sempre a empresa brasileira domina todo processo necessário.
    Como CIIE 2023 reúnem os potencias e as maiores exportadores do mundo inteiro para China, fica mais fácil fazer networking e estudar propostas. Fazer parceria com outra exportadora de outros países pode complementar o portifólio das empresas brasileiras e aumentar a chance de sucesso para conquistar o mercado chinês.
    Além disso, novas oportunidades de exportação para outros países emergentes podem surgir nessas interações.

China quer as empresas estrangeiras

É interessante observar que essa estratégia local tem sido bem sucedida na China. Por exemplo, os maiores tradings internacionais de grão têm investido intensamente na indústria de soja chinesa e possuem participação muito relevante no mercado local.

Elas conseguem adaptar os produtos finais para necessidade de cada região. Com isso, as margens de lucro desses tradings sofrem menos com as oscilações de preço da soja internacional.

Portanto, participar da feira CIIE 2023 pode ser um caminho interessante para aprofundar laços empresariais de todos os setores e aumentar exportação brasileira para China.

Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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