Por que Natura (NTCO3) salta 15%, apesar de prejuízo milionário no 1T23; o que salva?
As ações da Natura (NTCO3) saltaram 15,08%, cotadas a R$ 12,97, no pregão desta terça-feira (9). O movimento positivo veio mesmo após a empresa aprofundar o prejuízo financeiro no primeiro trimestre do ano (1T23).
De acordo com analistas, apesar do prejuízo, a rentabilidade veio acima do esperado — o que acarreta a reação positiva do mercado. Ruben Couto e a equipe do Santander pontuam que o balanço mostra o comprometimento da administração com a geração de caixa.
“A Natura continua focada em melhorar sua lucratividade e se concentra na geração de caixa. O consumo de caixa durante o trimestre caiu 34% na comparação anual, ajudado pelo capital de giro melhorado”, dizem os analistas do banco.
O Santander mantém recomendação neutra para NTCO3, com preço-alvo de R$ 12,20, o que implica uma potencial alta de cerca de 8,3%.
Há esperanças
A Natura no Brasil foi o destaque operacional do trimestre, segundo Couto e equipe. A marca teve “sólido crescimento”, impulsionado pelo maior número e melhor produtividade de consultores, e pelo aumento geral de preços.
Ainda no Brasil, a receita da Avon ficou praticamente estável em relação ao ano anterior (-0,6%).
No restante da América Latina, as operações continuaram a apresentar números fortes (+6,7%). A Avon na América Latina hispânica foi o destaque da divisão.
Ao todo, a Natura no território apresentou crescimento de 2,4% na receita, com destaque para a margem bruta de 64,2%. “O resultado positivo foi impulsionado por aumentos de preços e um mix de vendas mais rico que levou à margem Ebitda de 460 pontos percentuais acima de nossa estimativa”, avaliam.
O Ebitda ajustado total da empresa foi 16,2% superior à estimativa do mercado, beneficiado principalmente da sólida melhoria da lucratividade da Natura na América Latina.
O que pressionou a Natura?
Os analistas destacam também desempenho insatisfatório das marcas Avon, no exterior, e The Body Shop.
A Avon International continua pressionada pelos macro ventos contrários, avalia a equipe do Santander. “A marca teve um trimestre desafiador devido à continuidade das tendências macro negativas, com vendas caindo 12,8%”, explicam.
Já o The Body Shop “ainda busca por dias melhores”. A marca teve o pior desempenho, segundo os analistas, e não apresenta sinais claros de melhorias.
A receita líquida continuou em queda (-16,5%). A ligeira expansão da margem bruta (+50 p.p.), não foi suficiente para compensar a falta de alavancagem operacional, e o Ebitda caiu 20%.
Além disso, a Aesop — vendida para a L’Óreal — também afetou o resultado final. A marca foi a única marca a sofrer pressão na margem bruta ano a ano e queda significativa na margem Ebitda.