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Por que o Itaú pagou R$ 52 mil por cada cliente da XP?

12 maio 2017, 13:27 - atualizado em 05 nov 2017, 14:04

Mercados

O Itaú Unibanco é uma instituição financeira que cresce com aquisições e o próprio nome nos lembra disso. É este perfil comprador que ajuda a explicar os motivos que levaram o banco a adquirir 49,9% da líder de mercado XP Investimentos na quinta-feira (11) por R$ 6,3 bilhões e com a opção de abocanhar o controle em 2024 ou em 2033.

“O banco sempre fez aquisições relevantes e em muitas vezes obteve resultados positivos. Portanto, está no DNA do banco comprar ou associar-se para crescer”, lembram os analistas Flávio Conde e Catarina Pedrosa da consultoria independente WhatsCall Research em um relatório obtido pelo Money Times.

DNA comprador

O histórico mostra que o Itaú adiciona, aos poucos, vários “genes” ao seu DNA. Em 1995, comprou o BFB (Banco Francês e Brasileiro), que possuía uma área chamada BFB Personnalité, embrião do atual Itaú Personnalité. Depois, em 2002, comprou o BBA, e reforçou sua área de investimentos. Foi o passo inicial do Itaú BBA. Em 2008, foi o Unibanco e, em 2010, levou para casa a Redecard.

A compra que mais se assemelha ao movimento dado na direção de controlar a XP foi a associação com a Porto Seguro, em 2009, através da compra de uma fatia de 30%. “Apesar da compra, a Itaú Seguros foi mantida, pois o banco reconheceu que havia um player no mercado de seguros imbatível e que não conseguiria replicar”, lembram os analistas.

Ou seja, é este o passo dado pelo Itaú nesta semana. “Acreditamos que a decisão de comprar a concorrente foi pautada na falta da possibilidade de replicá-la em tempo hábil, de uma forma mais barata e eficiente”, ressalta a WhatsCall, que calcula o preço adquirido por cliente em torno de R$ 52 mil. Bem mais do que os R$ 2,3 mil por cliente do Citi – cuja área de varejo foi vendida ao banco 2016 – e os R$ 3,2 mil por cliente de quando o Bradesco levou a operação brasileira do HSBC.

Além disso, o Itaú ganha o acesso aos 2 mil assessores de investimentos em mais de 660 escritórios credenciados pela corretora. A XP é a ponta do iceberg em uma modernização do maior banco privado do país que inclui fintechs e outros produtos, ressaltam os analistas.

A operação

De pronto, o Itaú leva para si 49,9% da corretora e Benchimol continua comandando as operações e liderando um bloco de acionistas chamado XP Controle, mesmo quando o banco levar outros 12,5% em 2020 e outros 12,5% em 2022. No primeiro momento, o Itaú terá 62,4% do capital, mas 40% das ações ordinárias e, no segundo, 74,9% do capital social e 49,9% dos papéis ordinários.

É depois disso tudo que o controle pode ir parar nas mãos do Itaú. A primeira oportunidade de isso acontecer será quando a XP Controle decidir exercer, ou não, o direito da venda da totalidade da sua participação para o banco em 2024. A segunda ocasião será em 2033, quando o Itaú poderá ele próprio comprar todas as ações.

“O exercício de qualquer dessas opções, caso efetivado, resultará na aquisição de controle e da totalidade do capital social da XP Holding pelo Itaú Unibanco”, diz o banco.

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Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
gustavo.kahil@moneytimes.com.br
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