Donald Trump

Por que o muro de Trump não faz sentido econômico em 3 argumentos e 1 vídeo

29 jan 2017, 9:35 - atualizado em 05 nov 2017, 14:07

muro

Além da evidente arrogância e retrocesso, o muro de Donald Trump pode ser derrubado ainda na fase das ideias com simples fatos e conceitos econômicos. Assim que o novo presidente dos Estados Unidos assinou uma ordem com a intenção de construí-lo, muitos economistas e jornalistas trouxeram argumentos convincentes de que essa aventura não faz muito sentido econômico (ou qualquer outro sentido).

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1 – Custo e inflação

O custo da construção pode chegar a até US$ 25 bilhões, segundo projeções independentes da consultoria Bernstein – isso sem contar a manutenção. O montante de material utilizado pode superar em três vezes o empregado na construção da famosa represa Hoover.

“O principal impacto econômico poderá ser o desvio de recursos e força de trabalho de outros projetos de construção para o muro, aumentando a inflação”, afirma Paul Donovan, economista global do UBS. Ele lembra que o muro de Berlim, por exemplo, levou cinco anos para ser construído. Vai dar tempo?

2 – Força de trabalho

Uma das bandeiras de Donald Trump é ampliar os gastos em infraestrutura e ampliar o protecionismo para “Fazer a América Grande Novamente” e dar realidade ao discurso “América Primeiro”. Ok, mas sem os imigrantes, será que os americanos querem participar desse trabalho todo sozinhos?

Os Estados Unidos estão no “pleno emprego”, ou seja, o mercado de trabalho está em um nível em que todos os trabalhadores que aceitam receber os salários disponíveis estão empregados. Nos EUA, o BC do país considera esse nível perto de 5% de desemprego. Atualmente, o país está com a taxa em 4,7%.

“Na ausência de mais imigrantes, a única forma com que essas políticas terão um efeito positivo sobre o crescimento americano será se eles aumentarem a taxa de participação, geralmente com aumento de salários”, ressalta Patrick Artus, economista do banco Natixis em um relatório sobre o tema. Esse pessoal disponível, contudo, é formado por pessoas com mais de 55 anos, entre 16 e 19 ou de 16 a 24. Ou estão em idade escolar, ou já um pouco cansados para um canteiro de obras.

3 – Os imigrantes já estão nos EUA

O principal motivo para construir o muro, além de barrar o tráfico de drogas (bela chance para aumentar o setor de túneis na fronteira para os discípulos de El Chapo), é impedir que os imigrantes mexicanos entrem nos EUA. Mas os dados mostram, todavia, que o número de ilegais já vem caindo fortemente nos últimos anos – e sem muro algum. Artigo da The Economist desta semana mostra que as apreensões de pessoas cruzando a fronteira atingiu o pico no ano 2000, quando 1,6 milhão foram detidos (98% mexicanos).

Durante a administração George Bush, o número caiu para aproximadamente 1 milhão ao ano. Recentemente, com Barack Obama, a taxa caiu vertiginosamente para 400 mil por ano. Além disso, em 2016, menos da metade (47%) eram mexicanos. Isso também pode ser entendido como uma polícia mais fraca na fronteira, mas estimativas mostram que a taxa de sucesso na travessia caiu para menos de um terço do nível máximo – segundo o “Pew Hispanic Centre”.

O motivo para a queda da imigração ilegal está aberta para o debate, conforme denota a Economist, mas um dos principais suspeitos é a decadência do setor imobiliário americano. As construtoras deixaram de oferecer milhões de postos de trabalho para pessoas com pouca especialização.

4 – Os aviões e a porta giratória

Um ótimo vídeo do site College Humor traz outras evidências de que o muro não faz sentido econômico. Uma das mais curiosas é que isso impede o “efeito porta giratória”. Por muito tempo, quando as barreiras de imigração não eram tão hostis, os mexicanos que moravam perto da fronteira podiam trabalhar nos EUA e voltar para o México. Com as barreiras mais duras, tanto as físicas já existentes (há uma cerca com milhares de quilômetros já existente) e de documentos, muitos simplesmente preferiram ficar de uma vez nos EUA. Isso pode acontecer mais uma vez.

Douglas Massey, professor de Princeton e pesquisador sobre o tema, afirma que quando as administrações Reagan, Bush e Clinton aumentaram as exigências imigratórias para atender a opinião pública, esse efeito cessou. “Ironicamente, o crescimento das ações de repressão fez com que o número de imigrantes sem documentos morando nos EUA disparasse 248%”. Outro fato desconfortável para Trump é que entre 27% a 40% dos imigrantes ilegais chegam ao país em aviões…Veja o vídeo:

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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