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Por que você não investe com base na força da marca?

05 jun 2018, 14:54 - atualizado em 07 jun 2018, 17:02

João Gabriel Chebante é CEO e fundador da Chebante Brand Strategy e presta consultoria para diferentes segmentos do mercado financeiro

Olá leitor do Money Times,

Como alguns leitores habituais devem saber, eu sou um raro (espero que bem pensado) caso de profissional de marketing que resolveu levar seus “experimentos” para o segmento de serviços financeiros há dois anos. Comecei como consultor para agentes autônomos da XP dois anos atrás e, com alguns sucessos no bolso, hoje posso alçar vôos mais altos:

Lanço nos próximos dias um marketplace de educação financeira para compilar os cursos para investidores que hoje estão soltos internet afora.
Ao mesmo tempo já possuo uma plataforma para antecipação de recebíveis e câmbio para importação de segmentos específicos da indústria. Se você é comercial de Factoring/FIDC e/ou banco, vamos conversar?
Através da minha consultoria – business original da minha atividade de inteligência de mercado, desenvolvo projetos de internacionalização de marcas e negócios para Portugal + Inglaterra e mapeamento de mercados para escritórios de M&A.

Então desde 2016 tenho como trabalho entender muito do dia-a-dia e mindset dos meus lindos e incríveis clientes. Como “a turma da Faria Lima” investe, aumenta seu patrimônio e/ou o perde (estas são as melhores lições; o vacilo alheio é muito mais barato que o nosso, concordam?). Entendendo o modelo mental deles consigo desenvolver soluções mais atraentes e fora das suas habilidades, valorizando meu passe.

Já tinha a idéia deste título e texto horas antes, mas o gatilho final foi a nova ascenção à máxima histórica do Magazine Luiza e a discussão que gera dentro do mercad financeiro sobre performance x realidade da empresa.

Ainda que, pessoalmente, não investiria na empresa – por escolha estratégica, somente – o movimento deles me faz lembrar um dos “n” livros do Warren Buffet, chamado “O Tao de Warren”, aonde existem pequenas pílulas das suas estratégias. E a principal delas é justamente investir em produtos relativamente simples, líderes/referências de mercado com distorção de valor real x precificado pelos investidores. Bem como as pesquisas anuais das consultorias de branding Interbrand, BrandZ, Brand Finance e outras.

O conceito é bem simples: marcas fortes em tese geram maiores dividendos e valoração que as demais. Oscilam menos em crises e crescem mais em momentos bons. Geralmente reflexo de uma cultura de negócio interessante que reflete na sua operação. E o caso da turma de Luiza Trajano: a ascenção do seu filho Fred ao cargo de CEO e a “digitalização” do negócio trouxe melhores fundamentos financeiros (margem, geração de caixa, share, etc) e o resultado – ainda que com um quê de especulação – está lá.

Certamente a cultura de inovação e “pensamento de varejo profissional” do Magazine Luiza é mais interessante que seus concorrentes nacionais – em momento atribulados ou refém de estruturas familiares arcaicas. A turma de Franca é certamente mais próximas das tendências do que ocorrer nas cátedras do consumo para o segmento, como EUA e Europa, do que seus concorrentes históricos.

Me surpreende no mercado financeiro local uma ausência de pensamento de longo prazo – reflexo da montanha-russa que este pedaço de terra no planeta chamado Brasil. Não obstante, quase ninguém pensa em atributos técnicos que não extrapolem a fatores não-tangíveis como inovação e, principalmente, construção e perpetuação de marca.

Porque a macroeconomia muda com a cotação do dólar e/ou o resultados das eleições.
A microeconomia talvez pode sofrer rupturas com a mutação do perfil dos consumidores e/ou a vinda de novos competidores – pergunta para a turma dos hotéis ou dos taxis…

Investir com base no resultado financeiro é viver a mercê da próxima tempestade para levar seu investimento à deriva.

Investir pautado na construção e cultura de marca é consolidar sua estratégia em uma construção pétrea que durará dezenas de ano, gerando dividendos ao longo de sua trajetória de sucesso.

Se alguém tem alguma dúvida… Pergunta ao Mappin, Mesbla, Sears e afins como foram os resultados deles nos anos 70/80. E aonde estão hoje…