Inteligência Artificial

Possível colapso de dona do ChatGPT torna futuro do setor de inteligência artificial incerto

21 nov 2023, 16:42 - atualizado em 21 nov 2023, 19:24
ChatGPT OpenAI Microsoft Tecnologia
Dança das cadeiras na OpenAI e na Microsoft pode trazer consequências para o setor de IA. (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

A saída de Sam Altman da OpenAI para a Microsoft (MSFT;MSFT34) ainda está dando o que falar, à medida que investidores procuram entender qual o impacto da ‘dança das cadeiras’ para o setor de inteligência artificial.

Altman foi deposto do comando da OpenAI na sexta-feira (17) em condições ainda pouco esclarecidas.

Em um memorando interno obtido pela Reuters, a startup d0na do ChatGPT alega que Altman não estava sendo “consistentemente franco em suas comunicações junto aos diretores do conselho, que perderam a confiança na sua habilidade de liderar a OpenAI”.

Segundo bastidores da imprensa internacional, Altman desagradou o conselho ao pressionar pela aprovação rápida de produtos comerciais formulados a base de inteligência artificial generativa (AGI), sem considerar adequadamente os riscos oferecidos pelas tecnologias.

A OpenAI reitera o princípio de ser uma empresa sem fins lucrativos e que almeja, através do desenvolvimento de inteligência artificial, o “benefício da humanidade”.

O discurso, porém, foi se tornando cada vez mais conflitante com a realidade operacional da startup: 49% da OpenAI foi vendida à Microsoft, uma empresa de capital aberto cuja missão é gerar valor aos seus acionistas (assim como qualquer outra listada no mercado).

Seja como for, analistas esperam mudanças ocorridas nas últimas 94 horas podem ter tido decisivas para o balanço de poder entre os principais concorrentes do mercado e também para o futuro dessa tecnologia temida por uns e adorada por outros.

Microsoft, mais do que nunca favorita no mercado

O seu papel a frente da OpenAI consagrou Sam Altman como um dos maiores talentos do empreendedorismo tecnológico de seu tempo.

O empresário foi decisivo para o desenvolvimento e viabilização comercial do ChatGPT, a IA generativa mais popular de 2023.

Ao trazer Altman para dentro da própria estrutura, a Microsoft pode ter confiscado para si “a parte mais importante da OpenAI”, diz Frederick Hayemeyer, analista do grupo Macquarie em nota aos investidores.

Com Altman sob as próprias asas, analistas esperam um favoritismo maior da empresa fundada por Bill Gates na corrida pela IA, o que deve acender o sinal de alerta nos QGs de Google, Amazon e Meta.

A ‘jogada de mestre’ do CEO da Microsoft, Satya Nadella, na contratação relâmpago de Altman levou a big tech a alcançar o seu maior valor de mercado histórico no pregão da última segunda-feira (20).

A Microsoft começou a sua história de investimento na OpenAI ainda em 2016. Neste ano, a empresa anunciou a incorporação do ChatGPT no seu mecanismo de busca, Bing, e no seu navegador, Microsoft Edge.

OpenAI pode ser desintegrada

A OpenAI saiu como grande perdedora da briga, abrindo-se até mesmo a possibilidade de que a empresa perca a sua relevância comercial.

A saída de Sam Atlman — e também de Greg Brockman, ex-presidente do conselho — levou a uma insatisfação generalizada dentro da empresa com a forma como foram conduzidas as mudanças.

Ainda ontem, 702 funcionários, cerca de 75% de toda operação, assinaram uma carta (que pode ser conferida na íntegra aqui) em que ameaçam uma demissão coletiva, caso o atual conselho da startup não renuncie.

“Estamos impossibilitados de continuar trabalhando para e com pessoas que carecem de julgamento, competência e cuidado pela nossa missão”.

Conforme diz a carta, há uma proposta da Microsoft para absorver todos os funcionários descontentes em uma nova subsidiária, contando com a supervisão direta de Altman e Brockman.

Caso o êxodo se confirme, a pergunta que fica no ar é o que acontecerá com a capitalização de US$ 86 bilhões da empresa.

Mudança de postura?

Ainda neste ano, Altman havia ido ao Congresso norte-americano defender a sua posição enquanto líder da startup, dizendo levar “riscos existenciais relacionados ao desenvolvimento de IA com seriedade, e que suas ações falam mais alto do que as palavras”.

O discurso de Altman era próximo com dito por outros pioneiros da área, como Elon Musk. Em algumas oportunidades, o bilionário mais rico do mundo se disse “preocupado” com o desenvolvimento de IAs hiper competitivas.

Agora, a aproximação de Sam Altman com a Microsoft leva a críticos do empresário temerem por um julgamento “menos rígido” no reconhecimento desses riscos, que seria relegados a um segundo plano diante das potencialidades comerciais das novas tecnologias.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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